Política

‘Minha preocupação é se o povo vai aceitar quando acabar, em dezembro’, diz Lula sobre a PEC Eleitoral

A empresários, o petista criticou a liberação de recursos articulada por Bolsonaro às vésperas das eleições: ‘Acho isso muito grave’

Foto: Reprodução
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O ex-presidente Lula (PT) criticou nesta terça-feira 9 a liberação de um aumento temporário nos benefícios do Auxílio Brasil e do vale-gás e a criação de um voucher para caminhoneiros articulados por Jair Bolsonaro (PL) a menos de dois meses das eleições. Os novos valores começam a ser pagos nesta terça.

Em encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o petista afirmou que, além de ser tardio, o curto prazo de validade da PEC Eleitoral seria um fator de grande preocupação pelo potencial de gerar conflitos sociais ao término dos pagamentos.

“São benefícios que têm uma duração muito pequena. Me preocupa porque, quando terminar a duração desses benefícios, há de se perguntar se o povo aceitará pacificamente a retirada de um benefício que ele está recebendo por conta das eleições”, alertou Lula.

Para ele, a liberação de recursos tão volumosos é um fator inédito nas eleições brasileiras e contribui para que Bolsonaro continue a espalhar um clima de crise em relação ao pleito.

“Vamos concorrer com um adversário fazendo a maior distribuição de dinheiro que uma campanha política já viu desde o fim do Império. Na história, não se tem conhecimento de alguém que, faltando 57 dias para as eleições, resolva fazer uma distribuição de mais de 50 bilhões de reais em benefícios que só duram até dezembro”, disse. “Acho isso muito grave. A sociedade brasileira precisa ficar atenta, porque o sinal do comportamento de alguém para ganhar uma eleição não é tranquilo.”

Conforme noticiado mais cedo, a campanha de Lula pretende explorar os aspectos eleitoreiros da medida. Um vídeo já teria sido produzido sobre o tema e aprovado em reunião com a presença de Lula. A peça deverá circular nos próximos dias e visa conter um possível avanço de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. Aliados do ex-capitão, por sua vez, são orientados por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, a repercutir números inflados e distorcidos sobre os benefícios nas campanhas pelos estados.

Manifesto em defesa da democracia

Diante dos empresários, Lula também rebateu os ataques de Bolsonaro aos manifestos em defesa da democracia gestados na USP, na Fiesp e na OAB. Ele assinou, na segunda-feira 8, a carta produzida por integrantes da universidade, que já conta com mais de 800 mil apoiadores. No evento, Lula reiterou sua confiança nas urnas eletrônicas.

O manifesto elogiado por Lula também foi assinado por Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice em sua chapa e presente no encontro desta terça. Em uma breve declaração, o ex-governador de São Paulo elogiou as políticas econômicas adotadas por Lula durante seus mandatos, como a reforma administrativa e novos regimes de Previdência.

No evento, Lula também tornou a defender os pilares do seu novo plano de governo e focou em minimizar a preocupação de empresários com medidas já anunciadas pela sua equipe econômica, como a revisão da Reforma Trabalhista e o fim do Teto de Gastos. Conforme defendeu diante dos representantes do chamado ‘mercado’, tudo será feito ‘às claras’, ‘sem surpresas’ e a partir de discussões com representantes das indústrias e do agronegócio.

“Nosso programa de governo passa por um programa de governo com entendimento de que o Brasil precisa se reindustrializar. E mais uma coisa em que a Fiesp pode contribuir é a discussão de que novos nichos de indústria vamos fazer. No que a gente vai competir?” disse Lula, antecipando uma das discussões que pretende travar com o setor.

“A legislação trabalhista é a mesma coisa. Muita gente ficou assustada quando falamos que iríamos rediscutir. Ora, ninguém quer recuperar o que era em 1943, a gente quer evoluir. Estamos querendo fazer coisas novas. Ninguém quer que o empresário quebre, se ele quebrar o trabalhador é o primeiro que sofre”, explicou, ao reforçar que ainda pretende ouvir empresários para redigir a nova proposta de legislação.

Lula rebateu críticas de integrantes do ‘mercado’ aos seus discursos. Segundo relatou, ele vem sendo classificado por empresários como alguém que só fala do passado e não explora planos para o futuro. “Eu penso que não há melhor pensamento para futuro senão alguém que já fez no passado as coisas que esperam que sejam feitas no futuro.”

Ele ainda desafiou opositores no setor a mostrarem ações do atual governo em benefício de empresários e do agronegócio do País. “A última medida boa foi no nosso governo, o resto é o Plano Safra normal. [Em outra reunião com empresários] Falaram da invasão de terras, então pedi para o companheiro ‘Me traga todos os endereços de terras produtivas que foram invadidas’. Não tem. Não conheço uma terra produtiva que foi invadida. Se alguém tiver, por favor, me mostre.”

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