Política

Marqueteiro de Bolsonaro não aparece na prestação de contas da campanha: ‘não estou precisando me remunerar’

Sérgio Lima diz que coordena os trabalhos da agência Magic Beans, mas não tem vínculo com a firma

O marqueteiro de Bolsonaro, Sérgio Lima, responsável pela estratégia digital. Foto: Reprodução/Instagram
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Marqueteiro do comitê de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos cargos mais estratégicos da cúpula, o publicitário Sérgio Lima não aparece na prestação de contas da campanha entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Embora viaje com o presidente, se reúna periodicamente com os coordenadores do grupo e participe de decisões relacionadas a propagandas eleitorais, Lima afirmou ao GLOBO que está atuando sem receber um real sequer.

— Eu não estou me remunerando na campanha. Não estou trabalhando de graça, mas pensando no futuro. No momento, não estou precisando me remunerar, tem gente que precisa mais do que eu — disse ao GLOBO.

A legislação exige que os postulantes a cargos eletivos informem à Justiça Eleitoral todas as contribuições que receberem, sejam elas financeiras ou por meio de prestações de serviços, uma prática comum nas campanhas. Nesses casos, o candidato deve declarar ao TSE um valor estimado do trabalho voluntário. Questionado sobre a possibilidade de a campanha declarar seu trabalho como uma doação, como exige a lei, Lima disse que não havia pensado no assunto:

— Isso vou consultar os advogados. Não tinha nem pensado.

Sérgio Lima compõe o grupo responsável pela comunicação da campanha, ao lado de Fábio Wajngarten e Duda Lima, e atua principalmente nas ações voltadas às redes sociais. Ele é homem de confiança do senador Flávio Bolsonaro, o coordenador do QG bolsonarista, e tem boas relações com o vereador Carlos Bolsonaro, que comanda um núcleo de produção digital paralelo ao comitê oficial. O GLOBO questionou a campanha presidencial sobre o tema, mas não obteve resposta até o momento.

O coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Política (Abradep), Luiz Fernando Pereira, explica que o trabalho de Lima como marqueteiro já deveria constar da prestação de contas parcial de Jair Bolsonaro, entregue ao TSE em 13 de setembro. Se for gratuito, deve ser declarado como doação, segundo ele.

— Não existe um trabalho voluntário de um profissional. Ele estima qual seria o custo desse trabalho, caso fosse contratado. Imagina se o João Santana dissesse que não está recebendo do Ciro (Gomes) — afirmou.

Raquel Machado, professora de direito eleitoral da Universidade Federal do Ceará, diz que todos os atos de campanha devem ser “espelhados na prestação de contas” e que a situação denota falta de transparência.

— Tudo, em tese, tem um valor econômico. Isso pode levar a problemas na prestação de contas. O marketing político é uma atividade custosíssima. É uma atividade profissional.

Sérgio Lima acompanha o trabalho executado pela agência Magic Beans, contratada pela campanha de Bolsonaro por R$ 4 milhões. Antes mesmo da corrida eleitoral, a empresa havia recebido R$ 3 milhões por serviços prestados ao PL. O marqueteiro afirma que coordena as ações da Magic Beans, mas nega que tenha qualquer vínculo com a firma, que está em nome de Lucas Allex dos Santos.

— Era melhor ter colocado lá um pagamento de R$ 20 mil da Magic Beans. Porque no Brasil é assim, se você tenta fazer uma coisa certa, ficam desconfiados — queixou Lima ao GLOBO.

Procurado pela reportagem, Lucas dos Santos não quis se pronunciar.

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