Marielle: após prisões, entidades de direitos humanos cobram desfecho

Para a Human Rights Watch, é "preciso saber não só quem apertou o gatilho, mas quem mandou matar e o porquê"

Grafite de Marielle Franco (Foto: ABr)

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Entidades de proteção dos Direitos Humanos vieram a público comentar a prisão de um PM e um ex-PM por envolvimento na morte de Marielle Franco, nesta terça-feira 12. Em comum, as organizações pedem que seja esclarecido quem encomendou a execução da vereadora, e quais foram as motivações do crime.

Os dois homens foram presos preventivamente na manhã desta terça-feira 12. De acordo com o MP carioca, o sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz estavam no Cobalt Branco que emparelhou o carro em que a vereadora estava. Lessa teria atirado, e Vieira, dirigia o veículo.

De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), o crime foi meticulosamente planejado durante três meses. Lessa fez várias pesquisas na internet sobre os locais que a vereadora frequentava.

A Human Rights Watch considerou que a prisão dos suspeitos é “um passo muito importante na elucidação deste grave crime”, mas cobrou do Ministério Público e da Polícia Civil celeridade na identificação dos mandantes e das motivações do crime. “A sociedade precisa saber não só quem apertou o gatilho, mas quem mandou matar e o porquê”, diz a nota divulgada pela organização.

Mas ainda não há respostas sobre quem mandou matar Marielle. Segundo o jornal O Globo, o MP e a Polícia concordaram em dividir a investigação em duas partes. Este primeira, transformada em denúncia, identificou os atiradores. A outra, ainda em andamento, deve chegar aos mandantes.

A Anistia Internacional também quer que as investigações avancem, e reafirmou que considera necessária a ação de “um grupo externo e independente de peritos e especialistas para acompanhar as investigações e o processo penal” do caso.


A Conectas falará sobre o caso na 40ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que acontece em Genebra, na Suíça. Inicialmente, a equipe falaria sobre o 1 ano da morte de Marielle, mas mudou o texto para incluir os desdobramentos mais recentes do caso.

CPI das Milícias

O PSOL, partido de Marielle, também está empenhado em manter as cobranças sobre o caso. “Não nos cabe insinuar ou apontar mandantes. Nós não seremos levianos. Cabe à Polícia Civil, num prazo imediato, dizer quem são os mandantes”, diz o deputado Marcelo Freixo.

A bancada do partido no Congresso buscará votos para implantar uma CPI das Milícias. A ideia, explica Ivan Valente, líder do PSOL, é desvendar as relações entre crime, política e as polícias em nível nacional, em um movimento semelhante à comissão liderada por Freixo em 2008, no Rio de Janeiro

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