Política

Manobra de presidente da CPMI para convocar membro da Força Nacional fracassa em votação

Arthur Maia quebrou acordo do colegiado e botou em votação um requerimento da oposição, que foi rejeitado por maioria dos parlamentares

Arthur Maia, presidente da CPMI. Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputadas
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A CPMI do 8 de Janeiro rejeitou, na manhã desta terça-feira 3, um requerimento de convocação do coronel Sandro Augusto de Sales Queiroz, que chefiava o Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional naquela ocasião.

A rejeição barrou, na prática, uma manobra do presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União), em favor dos bolsonaristas que integram o colegiado.

Isso porque, o deputado botou em votação o requerimento da oposição sem que um acordo entre os integrantes do colegiado tivesse sido firmado. A manobra ficou agravada pelo fato de que a sessão desta terça sequer previa deliberação de proposições e serviria apenas para a oitiva de empresário Argino Bedin, o “pai da soja”, suspeito de financiar os atos golpistas.

Maia até tentou esticar o prazo da deliberação. Ainda assim, não reuniu apoio suficiente para sacramentar sua manobra. Ao final, decidiu encerrar as deliberações sobre novos requerimentos, que incluíam a convocação de Edson Gondim, diretor interino da Secretaria Nacional de Segurança Pública no 8 de Janeiro.

A decisão por iniciar a oitiva sem que outras votações fossem feitas também desagradou os integrantes do colegiado, já que, como se votou um requerimento da oposição, governistas esperavam ter seus pedidos apreciados, como é de praxe nas sessões.

Maia, no entanto, negou. Segundo o parlamentar, só seriam apreciados pedidos de integrantes da ala governista se o requerimento da oposição fosse aprovado. Nas suas palavras, essa seria uma forma de garantir ‘o direito da minoria’ na CPMI.

Com isso, a CPMI encerrou as deliberações desta terça sem, novamente, votar as convocações do almirante Almir Garnier, acusado de acatar um pedido de golpe que teria partido de Jair Bolsonaro em uma reunião com a cúpula das Forças Armadas. O episódio faz parte da delação de Mauro Cid.

Governistas também pleiteavam o recebimento de Relatório de Inteligência Financeira produzidos pelo Coaf sobre Jair Bolsonaro e Michelle. A medida também não foi votada.

Sem data para ouvir Braga Netto e Mauro Cid

A sessão desta terça-feira também deixou em aberto as datas de oitivas já aprovadas, como a do general Walter Braga Netto e do tenente-coronel Mauro Cid.

Segundo o próprio presidente da CPMI, é possível que a comissão encerre sem ouvir os militares. Novamente, argumentou, seria uma forma de balancear os desejos de governistas e opositores.

Na quinta-feira, próxima sessão de trabalho, o colegiado deve ouvir Beroaldo José de Freitas Júnior, policial do Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal.

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