Política
Mandetta diz a aliados que quer sair do cargo, mas não vai se demitir
Apesar de ser criticado por Bolsonaro, ministro diz que mantém foco no combate à doença
Após receber críticas do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem dito a aliados que quer sair do cargo, mas não pedirá demissão. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
No entanto, segundo o veículo, o ministro deve deixar para Bolsonaro a decisão de demiti-lo no meio da pandemia de coronavírus. A avaliação é que Bolsonaro tem minado o seu trabalho e que a tendência é de que o quadro da saúde vai se agravar, provocando consequências imprevisíveis tanto para ele como para o presidente.
Na quinta-feira 2, o presidente da República disse à rádio Jovem Pan que não quer dispensar Mandetta, mas acusou o ministro de falta de humildade e frisou que “nenhum ministro é indemissível”.
O ministro da Saúde recebe afagos de diferentes autoridades públicas para que permaneça no posto. Em evento promovido pelo jornal Valor Econômico, nesta sexta-feira 3, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que Bolsonaro “não tem coragem” de demitir Mandetta.
“É fundamental que, no meio do processo, a gente não tenha uma perda de um nome como o do Mandetta”, assinalou Maia.
Em coletiva de imprensa, o governador João Doria (PSDB) também manifestou publicamente sua solidariedade ao ministro.
Mandetta e Bolsonaro têm se bicado por defenderem estratégias diferentes para lidar com a pandemia de coronavírus. O ministro se mostra preocupado com a sobrecarga dos hospitais e pede o isolamento e a redução da “dinâmica social” para deter a proliferação da doença. Já o presidente desaprova o “confinamento em massa” porque crê que a medida prejudicará a economia.
O discurso de Mandetta à imprensa tem sido “foco na doença”, conforme reportou a colunista Andreia Sadi, do portal G1. Ao veículo, o ministro disse: “Lavoro, lavoro, lavoro”, que significa “trabalho” em italiano.
Segundo levantamento da XP Investimentos, 80% dos brasileiros defendem o isolamento social. A pesquisa mostra que 42% consideram que Bolsonaro tem uma atuação ruim ou péssima e 28% avaliam conduta boa ou ótima.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.