Política

Major Olímpio sobre suplente e pivô do caso Itaipu: “Não sabia da Léros”

“Ele não me deve qualquer satisfação de sua atuação empresarial e não precisa de prévio consentimento”

O suplente de senador Alexandre Giordano ao lado de Major Olímpio
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Parlamentar mais votado em São Paulo, o senador Major Olímpio se tornou elo de ligação entre o PSL e o escândalo que abala o Paraguai. O motivo? Alexandre Giordano, apontado como representante de na polêmica negociação, é seu primeiro suplente e teve na direção estadual do partido em São Paulo, presidida por Olímpio até poucos meses atrás.

O PSL e os Bolsonaro foram envolvidos no caso por um assessor do vice-presidente paraguaio. Conforme mensagens que José Rodríguez pressionou Eletrobras paraguaia dizendo representar interesses da ‘família presidencial’ do Brasil. Seu interlocutor seria Giordano, apontado como lobista de uma empresa chamada Léros.

Giordano nega que representasse a Léros ou que tivesse mencionado o nome dos Bolsonaro. Documentos mostram, porém que ele viajou ao menos duas vezes ao Paraguai, em jatos particulares, acompanhado de executivos da empresa. E depoimentos de autoridades paraguaias corroboram a tese de “negociação paralela” envolvendo a Léros.

Chama atenção que uma empresa pequena tenha ganhado um lugar tão destacado à mesa nessas negociações. Segundo dados da Receita Federal, a Léros Comercializadora tem capital de 5,6 milhões. É parte de um grupo que, entre outras atividades ligadas a energia, também explora nióbio.

Questionado por CartaCapital a respeito da relação com Giordano, o senador respondeu por e-mail.

Confira a seguir.

CartaCapital: Qual a relação do senhor com o empresário Alexandre Giordano? Como se conheceram?

MajorOlímpio: Relação de amizade de muitos anos, como empresário residente na Zona Norte de São Paulo, região em que moro desde quando me estabeleci na cidade. Conheço ele e sua mãe Maria, que o criou sozinha. Sei que ele veio de origem humilde, vendendo cachorro quente junto com a mãe na Rua 25 de Março.

CC: O senhor tinha conhecimento da atuação dele como negociador? Sabia da ligação com a Léros e com o setor privado de energia?

MO: Sei que o Alexandre Giordano é empresário, com atuação em diversos ramos empresariais. Nunca fui e não sou sócio do Giordano, e o fato de ele ser meu suplente não o impede de continuar atuando no ramo empresarial, como fez ao longo de toda a vida.

Formamos uma chapa com mais de 200 candidatos. O Giordano, como membro da executiva, trabalhou bastante para que isso se tornasse possível dentro do prazo legal. Assumimos o partido em abril de 2018, com as eleições ocorrendo em outubro.

Nenhum dos candidatos que teriam potencialmente votos quis arriscar ser meu suplente, pois, naquele momento, eu não tinha, aparentemente, possibilidade de eleição, por estar muito atrás nas pesquisas eleitorais, por ter só 7 segundos de TV e rádio, e por não ter recursos do fundo partidário.

O Giordano nunca teve participação como candidato em eleições, e aceitou meu convite para ser meu suplente para ajudar a constituir a chapa. Entretanto, ser suplente é uma expectativa de direito. Ele só se torna senador se eu morrer ou renunciar.

Não sabia da ligação dele com a empresa Léros e de sua ida para o Paraguai para negociação sobre energia, até porque, pelo fato de ser suplente, ele não me deve qualquer satisfação de sua atuação empresarial e não precisa de prévio consentimento meu para sua atuação privada.

Ele me alegou, e eu acredito, que jamais se intitulou senador em reunião, muito menos alegou qualquer relação ou de que estava falando em nome da família Bolsonaro, até porque isso seria um completo absurdo, muito fácil de ser checado.

CC: O Diretório Estadual do PSL fica no mesmo endereço da sede das empresas de Alexandre Giordano, em Santana. O empresário recebe algum tipo de contrapartida por esse empréstimo?

MO: O PSL em São Paulo nunca ficou em nenhuma sede de empresa do Giordano e nem em uma sala alugada por ele e nem empresa dele. Por ser meu amigo e gostar de política, quando assumi a direção do PSL em São Paulo, não tínhamos sede, recursos e nem acesso ao fundo partidário (como continuamos não tendo acesso). E o Giordano ajudou o partido tanto com trabalho, integrando a executiva estadual, quanto com indicações de sala disponíveis para aluguel para auxiliar o partido, devido aos poucos e limitados recursos disponíveis.

CC: Na prestação de contas da campanha do senhor, consta pagamento a uma empresa que pertence ao filho adolescente de Alexandre Giordano, a Enermade. A que se refere esse pagamento?

MO: O pagamento constante da prestação de contas está devidamente discriminado na própria prestação, ou seja, locação/cessão de bens imóveis, pois nesta sala funcionou meu comitê de campanha. Esse aluguel que se deu durante o período de campanha eleitoral com os devidos pagamentos juntados e já aprovados pela Justiça Eleitoral no julgamento das contas prestadas.

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