Economia
Lula: ‘Vamos fazer em 4 anos o que só pensavam ser possível fazer em 20’
Em discurso com forte teor econômico, o petista destacou em MG a necessidade de recuperar direitos trabalhistas e retomar a valorização do salário mínimo


O ex-presidente Lula proferiu nesta quarta-feira 11, em Juiz de Fora (MG), um discurso com forte teor econômico e destacou a necessidade de recuperar direitos trabalhistas e retomar uma política de valorização do salário mínimo.
Lula, líder das pesquisas de intenção de voto, também fez um breve aceno ao eleitorado evangélico ao afirmar que os objetivos de seu programa estão na Constituição, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Bíblia.
“Eu não posso ficar fazendo promessa, porque tenho consciência de que, se eu voltar, é para fazer mais do que já fiz. Vamos fazer em quatro anos aquilo que a gente pensava que só era possível fazer em 10, 15 ou 20 anos”, declarou o petista. “O Juscelino Kubitschek dizia: ‘Eu vou fazer 50 em 5’. Eu quero dizer que vou fazer 40 em 4 anos.”
Uma pesquisa Quaest/Genial divulgada nesta quarta 11 reforça o favoritismo de Lula, que soma 46% das intenções de voto, contra 29% do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os candidatos da chamada terceira via seguem distantes dos dois primeiros colocados.
Em Minas, ao reafirmar o desejo de “voltar” e “se colocar como candidato”, Lula disse que o Brasil, em um eventual novo governo do PT, voltará “a ter trabalho com carteira profissional assinada”. Ao se dirigir aos empreendedores, defendeu oferta de crédito e afirmou que o País “não quer eternizar o emprego dos aplicativos, em que a pessoa trabalha para um patrão que não conhece, não tem descanso semanal remunerado, não tem férias, não tem seguridade social”.
O ex-presidente disparou contra a inflação, fora de controle sob o governo Bolsonaro. O IPCA, considerado o instrumento oficial de medição do índice, fechou abril em 1,06%, após uma alta de 1,62% em março. Trata-se da maior variação para um mês de abril em 26 anos (em 1996, chegou a 1,26%). Em 2022, o IPCA acumula elevação de 4,29%. Em 12 meses, o acumulado é de 12,12%, o maior nível para o período de um ano desde outubro de 2003, quando alcançou 13,98%.
“O salário está arrochado, ninguém consegue comprar um botijão de gás, encher o tanque do carro. A gente vai ao supermercado e à feira, vai pegando produto, perguntando o preço e largando. É o preço da irresponsabilidade”, criticou Lula. “Metade da inflação que você vê na TV é por causa dos preços controlados, energia elétrica, diesel, gás, gasolina. Esse presidente é um fanfarrão, só sabe contar mentira. É por isso que ele prefere não dar entrevista. Ele faz live, ele responde para ele.”
O petista acrescentou que “o que queremos está na Constituição, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Bíblia” – esta, segundo Lula, “diz o que o povo pobre quer”.
E emendou: “Provamos que era possível aumentar o salário mínimo, comprar alimentação da agricultura familiar para merenda escolar e levar o pobre da periferia para fazer universidade. Neste País, nunca haviam levado a sério a educação para o povo de baixo”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

PM aponta arma para grupo do MST que aguardava Lula em Juiz de Fora
Por Marina Verenicz
Lula tem 42% contra 35% de Bolsonaro, mostra PoderData
Por CartaCapital
Lula pretende ‘transformar’ universidades em 2023: ‘Elas precisam se abrir para a sociedade’
Por Getulio Xavier