Política

Lula se emociona em discurso após a diplomação: ‘O povo reconquistou o direito de viver em democracia’

Em sessão solene no TSE, o petista afirmou que ‘poucas vezes em nossa história a democracia esteve tão ameaçada’

Foto: Evaristo Sá/AFP
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O Tribunal Superior Eleitoral promoveu, na tarde desta segunda-feira 12, a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seu vice Geraldo Alckmin (PSB).

A cerimônia, realizada sob forte esquema de segurança em Brasília, representa o encerramento oficial do processo eleitoral, por meio do reconhecimento de que os eleitos estão habilitados a exercer o mandato e cumpriram todas as formalidades.

Coube ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, entregar os diplomas a Lula e Alckmin, o último ato solene antes da posse, marcada para 1º de janeiro. O magistrado foi aplaudido de pé pelos participantes.

Em seu discurso, Lula se emocionou ao relembrar os desafios recentes de sua trajetória política.

“Quem passou o que eu passei nesses últimos anos estar aqui agora é a certeza de que Deus existe e de que o povo brasileiro é muito maior que qualquer pessoa que tentar o arbítrio neste País”, afirmou, chorando, o presidente diplomado.

“Farei todos os esforços para cumprir o compromisso que assumi não apenas na campanha, mas ao longo da vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo para os mais necessitados”, prosseguiu.

O petista afirmou que “poucas vezes em nossa história a democracia esteve tão ameaçada” e que “este diploma não é do Lula presidente, mas de uma parcela significativa do povo, que reconquistou o direito de viver em democracia”.

Segundo ele, “a democracia precisa ser defendida todos os dias daqueles que tentam a qualquer custo sujeitá-la a seus interesses financeiros e ambições de poder”.

Lula destacou em seu pronunciamento a atuação do STF e do TSE, “que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular”.

“Foi a disputa entre duas visões de mundo e de governo. De um lado, o projeto de reconstrução do País, com ampla participação popular; do outro lado, um projeto de destruição do País, ancorado no poder econômico e em uma indústria de calúnias e mentiras jamais vista ao longo da nossa história.”

Lula defendeu as urnas e o sistema eleitoral e criticou as operações da Polícia Rodoviária Federal contra o transporte de eleitores no dia do segundo turno, além dos casos de assédio eleitoral. Lamentou, ainda, a violência política estimulada pela extrema-direita na campanha.

“Jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão, mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e sem manipulações, que levam ao ódio e à violência política.”

Ele exaltou o fato de ter construído uma frente ampla “contra o autoritarismo” e destacou o ingresso de outras legendas na aliança em torno de seu governo.

“Quanto maior a participação popular, maior o entendimento da necessidade de defender a democracia daqueles que se valem dela para chegar ao poder e instalar o autoritarismo”, continuou. “A democracia só tem sentido e será defendida pelo povo na medida em que promover de fato a qualidade de direitos e a oportunidade para todos e todas.”

Estiveram presentes na cerimônia a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Também marcaram presença, entre outros, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT); o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas; o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad; o futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa; o futuro ministro da Defesa, José Múcio; e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

A diplomação de deputados, senadores e governadores caberá aos Tribunais Regionais Eleitorais até 19 de dezembro.

A cerimônia de diplomação acontece desde 1951, quando Getúlio Vargas voltou à Presidência da República pelo voto popular. Suspensa durante a ditadura militar, a solenidade tornou a ser realizada após a redemocratização, em 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello.

A entrega dos diplomas acontece sempre após o vencimento dos prazos de questionamento e processamento do resultado da eleição. Para receber o diploma, os eleitos têm de estar com o registro de candidatura deferido e as contas de campanha julgadas.

Cerca de mil pessoas foram convidadas a assistir à solenidade de diplomação nesta segunda. Elas foram divididas entre o plenário, os auditórios e o salão nobre do Tribunal, onde há um telão.

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