Política

Lula rebate ameaças de parlamentares: ‘Lamentavelmente, tem deputado que não quer conversar com o povo’

Ex-presidente voltou a sugerir que protestos não sejam feitos em Brasília, mas sim transformados em ‘conversas civilizadas’ em frente ao domicílio dos parlamentares

Foto: Reprodução
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O ex-presidente Lula (PT) rebateu, nesta quinta-feira 7, as ameaças que tem recebido de deputados bolsonaristas e de extrema-direita após sugerir, em evento da CUT, que protestos sejam feitos em frente às casas dos parlamentares e não nas imediações do Congresso Nacional, em Brasília. Ao menos três deputados ameaçaram Lula e seus apoiadores de morte caso a sugestão seja colocada em prática.

“Eu acho que é muito engraçado as pessoas tratarem uma sugestão que eu fazia quando era dirigente sindical como se fosse uma anormalidade. Eu fui presidente da República por oito anos e chegava no Palácio do Planalto, até de madrugada, e tinha gente esperando para fazer reivindicações. Eu parava para conversar. No meu apartamento em São Bernardo do Campo todo final de semana que eu vinha tinha gente na porta do prédio”, relatou Lula em entrevista à rádio Jangadeiro, de Fortaleza, no Ceará.

Ainda sobre o tema, o ex-presidente reforçou a sugestão de se fazer uma ‘conversa civilizada’ nos endereços de parlamentares e considerou ‘lamentável’ que deputados se oponham a ‘receber o povo’.

“Em vez do deputado me agradecer…esses mesmos que dizem que adoram o povo, que nas eleições andam de carro aberto, abanando a mão pro povo, que gostam de chegar na campanha e tomar cachacinha com o povo…Ora, por que depois de eleito o povo passa a ser estorvo? Não custa nada, o cidadão bate palma, ele sai e atende os eleitores e pergunta o que eles querem. Qual o mal nisso? Ou será que o deputado quer morar escondido?”, questionou Lula.

O ex-presidente, em seguida, tratou diretamente das manifestações dos parlamentares contra ele: “Eu ainda utilizei a palavra conversar civilizadamente, mas, lamentavelmente, parece que tem deputado que não quer conversar com o povo, só na época das eleições”, avaliou o petista.

Até esta quarta-feira, ao menos três políticos disseram que se a sugestão fosse seguida pela população iriam receber o povo com tiros. Os parlamentares também ameaçaram Lula de morte.

O bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ) usou o plenário da Câmara para dizer que usaria o ‘método do Rio’ para ‘tratar bandido’ caso a população fosse até sua casa:

“Lá no Rio a gente tem um método de tratar bandido, e é na bala. Não venha atravessar a escola de meus filhos ou abordar a minha mulher, porque vai ser na bala”, disse o parlamentar ao se referir aos apoiadores do ex-presidente como ‘vagabundos’.

No Paraná, o deputado estadual e ex-comandante do BOPE, Coronel Lee (DC-PR), disse que irá matar Lula caso ele volte a cumprir agendas no Paraná. O político confessou ter matado pessoas de esquerda e do MST durante sua gestão no comando da Polícia local.

“Aqui é o Coronel Lee, ex-comandante do Bope do Paraná”, afirmou o parlamentar. “O nosso modus operandi é o mesmo. A última vez que esse bando do MST e da esquerda vieram nos visitar, querer conversar com a gente no meio do mato, foram parar no inferno. Então, Lula, mande a sua turma falar com a gente de novo, e vocês vão visitar os seus amigos que estão lá. É esse o nosso recado”, disse o parlamentar durante uma sessão da Assembleia Legislativa do estado.

O deputado Junio Amaral (PL-MG), que é amigo e colega de partido de Bolsonaro, gravou um vídeo empunhando uma arma em ameaça a Lula. O parlamentar forneceu coordenadas até o seu endereço e com a arma em mãos desafiou o ex-presidente e apoiadores a irem até o local.

 

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