Política

Lula pede direito de resposta após Bolsonaro chamá-lo de ‘ladrão’ em propaganda

A coligação do petista argumenta que o comercial ‘extrapolou limites da crítica política’ e ‘ofendeu a honra’ do ex-presidente

Lula e Jair Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Silvio Avila/AFP
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A campanha do ex-presidente Lula (PT) apresentou pedido de resposta ao TSE contra uma propaganda da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Na peça, o chefe do Executivo evoca uma declaração antiga do ex-presidente para insinuar que ele defende criminosos e responsabiliza a polícia pela alta mortalidade de jovens. 

No vídeo, de pouco mais de dois minutos, Bolsonaro ataca o ex-presidente e faz conexão dele com os malfeitores. “Eu acho o Lula um verdadeiro ladrão, que não se importa com ninguém, entendeu? Que não se importa com a sociedade, que rouba a sociedade”. Também é exibida uma cena brutal de assassinato.

Os advogados de Lula apontam que o uso da fala do ex-presidente está descontextualizada, e que isso mostraria uma tentativa de desinformar e manipular a opinião pública. 

“O programa impugnado, imbuído de forte apelo emocional, consubstancia-se de uma fala descontextualizada do ex-presidente Lula, com a finalidade de transmitir ao espectador um estado emocional”, diz trecho da inicial do documento.

Os advogados argumentaram ainda que houve extrapolação da crítica política, e que o ato atenta contra a lisura do processo eleitoral. O pedido está sob avaliação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes.

Confira, abaixo, a fala do petista feita em 2019 na íntegra. A parte grifada refere-se aos trechos utilizados na campanha de Bolsonaro. 

“[…] O que nós queremos, na verdade, é que esta gente saiba que este país é nosso. Eu não posso, aos 74 anos de idade, ver essa gente destruir o país que nós construímos. Eu não posso ver aumentar o número de gente dormindo na rua. 

Eu não posso ver aumentar o número de mulheres jovens vendendo o seu corpo a troco de um prato de comida. 

Eu não posso ver mais jovem de 14 e 15 anos assaltando e sendo violentado, assassinado pela polícia, às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular. 

Se as pessoas tiverem onde trabalhar, se as pessoas tiverem salário, se as pessoas tiverem onde estudar, se as pessoas tiverem acesso à cultura, a violência vai cair. E nós temos que dizer, contra a distribuição de armas de Bolsonaro, nós vamos distribuir livros, vamos distribuir emprego, vamos distribuir acesso à cultura. 

É esse país que nós queremos e sabemos como construir. É este país que a gente ver todo santo dia eles falarem que é preciso”.

Confira a íntegra:

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