Política
Lula mostra preocupação com avanço da extrema-direita global em artigo publicado em jornal espanhol
Presidente pontua que ‘desigualdade tornou-se terreno fértil para o extremismo’


O jornal espanhol El País publicou, na sua edição desta quarta-feira 6, artigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No texto, o mandatário brasileiro cita a visita do presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, ao Brasil, e analisa a situação atual da democracia.
“Quando a democracia falha em garantir o bem-estar do povo, prosperam figuras que vendem soluções simplistas para problemas complexos, semeando a desconfiança no processo eleitoral e nas instituições políticas”, escreve Lula.
Para ele, o mundo enfrenta “um preocupante aumento da extrema-direita e de suas tradicionais ferramentas de desagregação social: o autoritarismo, a violência, a precarização do trabalho, o negacionismo climático, o discurso de ódio, a xenofobia, o racismo e a misoginia”.
“Nas últimas décadas, um modelo econômico excludente concentrou a renda e ampliou disparidades. A desigualdade tornou-se terreno fértil para o extremismo”, diz, ainda, o petista.
Lula menciona, também, que o Brasil e a Espanha “apostaram em governo que acreditam que a chave para responder aos ataques à democracia é melhorar a vida das pessoas”.
Apesar das vitórias eleitorais do brasileiro e do espanhol, o avanço da extrema-direita não se restringiu a ser um fenômeno pontual.
No continente americano, a Argentina elegeu, no final do ano passado, Javier Milei como presidente. Já para este ano, os Estados Unidos vão realizar eleições que podem levar à volta de Donald Trump ao poder. Na Europa, siglas da direita devem avançar em Portugal, Alemanha e nas cadeiras da União Europeia.
Paz mundial
Sem se referir diretamente a um conflito específico, seja Gaza ou Ucrânia, Lula optou, no texto para o periódico espanhol, por mencionar seu apelo por paz mundial. Sobre o tema, ele diz que ela “continua sendo um privilégio de alguns”, mencionando que os países do mundo têm, atualmente, um orçamento militar na casa do 2,2 trilhões de dólares por ano, enquanto investem pouco no combate à fome.
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Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
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