Política
Lula: ‘Homens que gostam de bater em mulher, se preparem. Vamos ser muito mais duros’
O anúncio vem depois de Jair Bolsonaro ser criticado por declarações ofensivas a mulheres. Lula também propôs a criação de uma universidade especializada em segurança pública


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu, nesta terça-feira 30, que um futuro governo seu terá endurecimento na punição para casos de violência contra a mulher. O anúncio ocorreu durante uma reunião sobre segurança pública com governadores aliados em São Paulo.
“Os homens que gostam de bater em mulher, se preparem, porque vamos ser muito mais duros com eles”, disse Lula. O petista propõe implantar as chamadas “Patrulhas Maria da Penha” em parceria com guardas municipais, para fiscalizar a violência contra as mulheres.
O informe ocorre dois dias após a questão das mulheres ter se tornado o principal motivo de críticas ao adversário Jair Bolsonaro (PL), devido a declarações ofensivas do presidente da República durante o debate presidencial exibido pela Band. Aliados de Lula consideraram que o destempero do ex-capitão pode ter se prejudicado com o eleitorado feminino e com os indecisos.
Outro anúncio foi o da criação de uma universidade pública federal específica para a formação em segurança pública. Além disso, Lula pretende criar o Ministério da Segurança Pública, que já era uma proposta de Geraldo Alckmin (PSB), e fortalecer o Sistema Único de Segurança Pública, o Susp, que vai incluir o Ministério Público e a Defensoria Pública e fornecer bolsas de formação policial.
O ex-presidente citou ainda a instituição de um comitê científico, a retomada do estatuto do desarmamento, o estabelecimento de parcerias com as Forças Armadas e países estrangeiros para o combate ao narcotráfico nas fronteiras, a liberação de recursos para um fundo para o setor e a valorização dos profissionais de segurança.
O seu governo também retomaria a realização da Conferência Nacional de Segurança Pública para colher sugestões e avaliações da sociedade civil sobre o tema e criar novos mecanismos de participação.
Segundo ele, o coordenador de sua campanha, Aloizio Mercadante, deve levar essas propostas aos partidos apoiadores e, se aprovadas, serão anunciadas como um programa de governo para a segurança pública.
O evento teve a participação dos governadores petistas Rui Costa (Bahia), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Wellington Dias (Piauí), além do senador Jaques Wagner (PT-BA) e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
As propostas também exploram uma área que costuma ser favorável a Bolsonaro, uma vez que as suas propostas de segurança pública de incentivo ao armamento avançaram no Congresso, apesar de intensas críticas de organizações que estudam o tema. Durante o governo, os registros de armas de fogo cresceram 474%.
Para especialistas, houve aumento “descontrolado” da circulação de armas e munição com alto poder destrutivo, como fuzis, e as consequências também passam por desvio de armas regulares para o crime.
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