Política

Lula faz live com presidente da Argentina: “Mercado não resolve nada”

Em debate organizado pela Universidade de Buenos Aires, ex-presidente brasileiro defendeu fortalecimento do Estado

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em diálogo com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Foto: Reprodução
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de uma transmissão ao vivo nas redes sociais com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, nesta sexta-feira 26, em um debate organizado pela Universidade de Buenos Aires (UBA). A discussão tratou do tema “Pensar a América Latina depois da pandemia de covid-19” e reuniu demais autoridades argentinas, com o ministro da Educação, Nicolás Trotta, e especialistas como a jurista Carol Proner.

Em discurso, Lula defendeu o fortalecimento do Estado como forma de superar os efeitos econômicos da crise sanitária. O ex-presidente também criticou o sistema econômico capitalista, por oferecer tratamento privilegiado ao empresariado e deixar a população mais pobre em situação de desassistência.

Lula citou episódios como a crise dos Estados Unidos em 2008 e a crise da Grécia, na década de 2010, quando grupos do mercado financeiro foram priorizados pelo Estado, em prejuízo aos mais vulneráveis, segundo sua avaliação.

“A crise atual é ainda mais profunda. Muito mais profunda, sem dúvida, e queira Deus que dessa vez os governantes do mundo aprendam algo, antes que seja tarde. Aprendam que o Estado não pode ser mais colocado a serviço exclusivamente dos interesses do capital. Aprendam que a economia tem que estar a serviço dos seres humanos, e não o contrário”, disse ao presidente argentino.

O ex-presidente brasileiro elogiou ainda a gestão de Alberto Fernández na Argentina durante a pandemia. O presidente do país vizinho esteve à frente das medidas estabelecidas contra o coronavírus, como a adoção do confinamento de forma antecipada. O país registra 1.167 mortes e 52.457 casos, segundo rankings da Universidade Johns Hopkins. Nesta semana, os argentinos viram novos recordes de mortes e de casos diários, com 34 óbitos reportados na quinta-feira 25. Alberto Fernández anunciou, portanto, medidas mais duras de prevenção e estendeu a quarentena até 17 de julho.

“O que vai salvar a América Latina depois da pandemia é uma palavra chamada democracia, com um Estado forte. Porque a pandemia está mostrando que o mercado não resolve nada. O mercado cuida do seu umbigo. Quem cuida do povo é o Estado”, afirmou Lula. “Quem tem que colocar dinheiro é o Estado, e não tem que ter medo da sua dívida pública. Primeiro, vamos salvar as vidas, e depois vamos discutir como resolver o problema da economia do Estado.”

Lula também prestou solidariedade a Cuba e criticou o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos. A gravidade da pandemia do novo coronavírus não convenceu a Casa Branca de desistir da punição contra o país caribenho. Ainda assim, a ilha contabiliza números baixos de mortes (85) e de casos confirmados (2.325), segundo o Ministério da Saúde local. Além disso, o governo cubano emprestou 38 brigadas a 31 países para contribuir na batalha contra a doença.

“Cuba, depois de tanto sofrimento, de tanta perseguição, ainda dá uma demonstração de que eles têm amor próprio, consciência política e jamais abaixarão a cabeça”, declarou.

Em resposta, Alberto Fernández demonstrou apreço a Lula e complementou a crítica ao empresariado.

“Nada vale hoje o que valia antes da pandemia. Nenhuma ação, nenhuma empresa. Desmoronou-se a especulação financeira. O capitalismo, tal como conhecíamos, não tem viabilidade”, defendeu o presidente da Argentina.

Após sua soltura em novembro de 2019, Lula tem recebido a solidariedade de uma série de autoridades e personalidades. Neste ano, o ex-presidente foi recebido pelo papa Francisco no Vaticano, foi homenageado com o título de cidadão honorário em Paris e tem se reunido com líderes latinos.

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