Política

Lula diz ter 80% dos ministros definidos, mas prevê anúncio só após a diplomação

Em Brasília, o presidente eleito justificou a decisão de deixar Gleisi fora de seu ministério: ‘Tem uma missão tão ou mais importante à frente do PT’

O presidente eleito Lula. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira 2 já ter definido os nomes de pelo menos 80% de seus ministros. Ele se negou, porém, a antecipar os escolhidos e pediu ‘paciência’ para que os setores interessados aguardem até o próximo dia 12, quando ocorrerá sua diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral.

“Depois que for diplomado, eu vou escolher meu ministério. Não precisa ficar angustiado, nervoso e criando expectativas”, disse Lula. “Já tenho 80% do ministério na minha cabeça, mas não quero um ministério para mim, quero um ministério para as forças políticas que me ajudaram a ganhar as eleições.

O petista explicou que a distribuição de cargos será condizente com a contribuição dada pelos partidos e pelas forças políticas durante a campanha eleitoral. Aliado a isso, destacou, também integrará outros partidos que não o apoiaram, mas têm grande representação no Congresso.

“Quando ganha, você tem que conversar com quem ganhou. Temos que falar com quem foi eleito”, justificou Lula sobre as negociações que mantém com MDB, PSD e União Brasil. Os dois primeiros, como mostrou CartaCapital, devem ocupar cadeiras na Esplanada, enquanto o terceiro ganhará apoio de Lula para cargos no Congresso.

Apesar de não antecipar nomes, Lula tornou a dizer que Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, não estará na sua lista de escolhidos. Ela ficará apenas com o comando do PT. Segundo Lula, a opção é por prestigiar o trabalho dela à frente do partido.

“O fato de eu ter dito que ela não vai ser ministra é o reconhecimento do trabalho que ela tem na maior organização política do País”, argumentou. “O posto [de presidente do PT] é tão ou mais importante do que ser ministra. Ela terá mais trabalho lá do que sendo ministra, porque não é fácil ser presidenta do PT.”

O presidente eleito também evitou confirmar que Fernando Haddad (PT) será o seu ministro da Fazenda. Conforme mostrou CartaCapital, o ex-prefeito de São Paulo é o plano A para ocupar o posto.

“O meu ministro da Economia será a cara do sucesso do meu primeiro mandato. Obviamente o ministério tem autonomia, mas quem ganhou as eleições fui eu. E eu, obviamente, quero ter inserção nas decisões políticas e econômicas do País”, avisou.

Por fim, o presidente eleito tornou a sinalizar em favor da recriação de vários ministérios extintos durante o atual governo. Segundo ele, a intenção é ter apenas uma pasta a mais do que tinha no seu segundo mandato. “A base do meu ministério será a mesma que eu tinha no segundo mandato, com um acréscimo: o Ministério dos Povos Originários”, afirmou. “Mas não sei se de cara vai ser ministério ou secretaria especial ligada à Presidência. Isso ainda vou conversar com os indígenas.”

Viagem aos Estados Unidos

Na conversa com jornalistas nesta sexta-feira, Lula também confirmou que pretende viajar aos Estados Unidos para encontrar Joe Biden ainda neste ano. Há, porém, um impasse sobre a data. Conforme explicou, ele não quer deixar o País antes da diplomação, o que dificulta, portanto, a agenda. De qualquer modo, prosseguiu, irá se encontrar com um representante do presidente norte-americano na semana que vem.

Caso a viagem aos EUA se confirme, Lula diz que tratará pessoalmente com Biden de interesses econômicos dos dois países e formas de reconstruir a democracia.

“Temos muito o que conversar, porque os Estados Unidos padecem de democracia tanto quanto o Brasil. Por lá, o estrago do Trump foi o mesmo deixado por Bolsonaro aqui.”

Lula acrescentou que, caso consiga realizar a conversa presencial com Biden, levará também o tema da guerra da Ucrânia para a mesa.

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