Política

Lula descarta fazer nova reforma ministerial para atender demandas do Centrão

Petista vive clima de tensão com a Câmara comandada por Arthur Lira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira 8, que não fará uma nova reforma ministerial para atender as demandas de parlamentares, em especial, integrantes do Centrão.

A declaração foi dada em entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais.

Questionado sobre o cabo de guerra entre a Câmara dos Deputados e o Executivo, Lula afirmou que se o governo prometeu a destinação de mais verbas parlamentares para costurar os acordos com os parlamentares, será cumprido.

No entanto, Lula reforçou não ver mais qualquer espaço para mudanças na atual composição da Esplanada.

“Não tem reforma ministerial e não tem mais cargo. Passa por a gente fazer o que está determinado. O orçamento está aprovado”, declarou o petista em determinado momento ao citar o atual impasse com Lira sobre o orçamento. Os dois travam um momento de tensão e Lula, na conversa, prometeu voltar a dialogar com o deputado após o Carnaval, quando Lira ‘estará mais calmo’.

“Eu devo conversar com o presidente Lira por esses dias e ver o que está acontecendo. Estamos chegando no Carnaval, não é momento de discurso duro. É momento de alegria, da gente relaxar um pouco, dançar, gastar um pouco de energia e voltar mais calmo depois do Carnaval.”

Questionado, então, sobre desoneração da folha de pagamentos, Lula afirmou que ainda deverá encontrar o Pacheco e o Haddad para discutir o assunto, mas que será necessário encontrar uma contrapartida à medida.

Para o presidente, não é razoável a existência de um política pública de desoneração que privilegie unicamente os empregadores.

“É preciso que essa política também beneficie o trabalhador. Não é razoável que o empregador ganhe desoneração e depois mande um monte de trabalhador embora”, afirmou o petista.

Relação com Zema

Na época das eleições, em 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sufocou governadores com a redução do ICMS, em um movimento para angariar lucros eleitorais. No entanto, ao longo de 2023, a medida se concretizou em ainda mais dificuldade para os estados, que se endividaram ainda mais.

“Eu vou ter o primeiro contato com o governador Zema hoje. Eu sei que ele vai querer discutir a dívida comigo, mas a dívida está com a área da Fazenda, Casa Civil, e Minas e Energia”, ressaltou.

Lula está no estado para apresentar as obras e investimentos no estado previstos do Novo PAC, que deverá destinar 121 bilhões para Minas Gerais.

“Hoje eu vou anunciar mais 8 institutos federais em Minas Gerais. Vamos cuidar de Minas, independentemente da relação pessoal entre presidente e governador”, disse.

O petista ainda pontou a necessidade de se manter relações institucionais com os governadores, independente de seus partidos políticos.

“Sempre tratei bem do Aécio e com o Zema é a mesma coisa. A nossa relação é institucional. O governador tem de respeitar o presidente e vice e versa. O que que o estado pode fazer pela União e o que a União pode fazer pelo estado. É essa comunhão de interesses que vai fazer com que a gente faça a coisa correta”, disse.

Prefeitura de BH

Questionado se o PT terá candidato próprio para disputa à Prefeitura de Belo Horizonte, Lula afirmou que o PT tem a pretensão lançar o deputado federal Rogério Correia como candidato. Ele reforça, no entanto, que o nome ainda não está confirmado.

“Ele é um homem público e conhecido de Minas Gerais, muito lutador e tem total possibilidade de ser candidato a prefeito”, disse.

“O que nós temos que trabalhar é sempre a perspectiva de quem nós vamos enfrentar. Mais à direita, mais conservador… para que a gente possa não cometer o erro de entregar Belo Horizonte outra vez a alguém tão de direita, um fascista”, pontuou.

Sobre a possível candidatura de Rodrigo Pacheco para o governo de MG em 2026, Lula afirmou que o parlamentar é o grande nome de Minas Gerais hoje no contexto nacional por ser o presidente do Senado Federal, mas que as eleições continuam muito distantes para se cravar qualquer coisa.

“Eu ainda não discuti sobre isso, mas acredito que ele seja uma figura que precisa ser levada em conta em qualquer discussão eleitoral em Minas Gerais”, disse.

Já sobre uma possível candidatura sua para a reeleição de 2026, Lula disse que está muito cedo para decidir.

“Para dizer se eu serei candidato ou não, eu primeiro tenho de terminar o meu mandato”, declarou.

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