Política

‘Longe de ter enriquecido’, diz Moro sobre embolsar R$ 3,7 milhões de consultoria dos EUA

‘Com todo o histórico, o reconhecimento internacional por meu trabalho na Lava Jato, é normal que você tenha um salário bom’, alegou o ex-juiz

O pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sergio Moro. Foto: Eduardo Matysiak/AFP
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O ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, diz que “não enriqueceu” ao trabalhar para a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal. Admitiu, porém, ter embolsado o equivalente a cerca de 3,7 milhões de reais, conforme cotação atualizada do dólar.

Segundo Moro, o salário bruto era de 45 mil dólares (mais de 242 mil reais). Ele também recebeu um bônus pela assinatura de contrato de cerca de 800 mil reais, dos quais devolveu 67 mil ao romper o vínculo. Os valores foram divulgados nesta sexta-feira 28 durante transmissão ao vivo nas redes sociais.

“Ficam falando que eu enriqueci. Não enriqueci. Fui trabalhar lá, recebi um bom salário”, alegou. “Com todo o histórico, o reconhecimento internacional por meu trabalho na Lava Jato, é normal que você tenha, com todas essas qualificações, um salário bom lá para os padrões dos Estados Unidos. Mas longe de ter enriquecido”.

No início desta semana, em entrevista ao Estado de S.Paulo, Moro afirmou que os valores recebidos por ele na passagem pela consultoria representam uma “questão privada”, embora a empresa tenha obtido no mínimo 42,5 milhões de reais de companhias investigadas pela Lava Jato.

Os 42,5 milhões de reais se dividem da seguinte forma:

  • 1 milhão por mês da Odebrecht e da Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial);
  •  150 mil da Galvão Engenharia;
  • 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC);
  • e 97 mil da OAS.

Em dezembro, o subprocurador Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público junto ao TCU, manifestou a intenção de compreender os termos da atuação do ex-juiz, sob suspeita de ter recebido para fornecer informações privilegiadas à consultoria. Moro, como magistrado, julgou e condenou executivos da Odebrecht, cliente da Alvarez & Marsal no processo de recuperação judicial. O ex-ministro de Bolsonaro está na mira da Corte por um suposto conflito de interesses.

Moro, contratado pela consultoria em 2020, foi anunciado pela própria empresa como sócio-diretor de Disputas e Investigações. Poucos meses depois, conforme manifestação do escritório ao TCU, ele foi “rebaixado” a “consultor”. Em outubro de 2021, para Moro se dedicar à pré-campanha pelo Podemos à Presidência, o contrato foi rescindido.

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