Lira contra-ataca e ameaça destravar demandas da oposição após embate com Padilha

Nesta terça, a Câmara aprovou um requerimento de urgência para acelerar a tramitação de um projeto contra o MST

Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene destinada a inaugurar a 2ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura. Senador Laércio Oliveira (PP-SE) conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu contra-atacar. Uma semana após subir o tom contra o ministro Alexandre Padilha (PT), responsável pela articulação política do governo Lula (PT), o deputado alagoano indicou a aliados que dará seguimento a diversos pedidos da oposição bolsonarista.

Em reunião de líderes nesta terça-feira 16, Lira chegou a cogitar instalar cinco comissões parlamentares de inquérito de uma só vez. Prometeu ainda, segundo líderes partidários contaram a CartaCapital, criar um grupo de trabalho responsável pela elaboração de uma reação às operações da Polícia Federal no Congresso.

Um movimento atribuído a Padilha pelo entorno de Lira teria aumentado a irritação do presidente da Câmara e servido de pontapé inicial à ofensiva. Trata-se da exoneração de Wilson César de Lira do comando da Superintendência do Incra em Alagoas – a demissão era uma das demandas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra desde o ano passado.

A primeira etapa do contra-ataque se concretizou na sessão desta terça: a Câmara aprovou um requerimento de urgência para acelerar a tramitação de um projeto contra o MST.

De autoria do deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), a proposta restringe o acesso dos sem-terra envolvidos em ocupações de terra a programas sociais do governo.

Segundo relatos à reportagem, Lira não indicou quais CPIs podem ser instaladas nos próximos dias. A ideia é que os líderes partidários cheguem a um acordo e apresentem uma lista ao presidente da Câmara.


Entre os requerimentos com o número necessário de assinaturas estão o da CPI do Abuso de Autoridade, apresentado em meio à ofensiva bolsonarista contra o Supremo Tribunal Federal (STF), e o da comissão destinada a apurar denúncias de tráfico e exploração sexual na Ilha de Marajós (PA).

A instalação dos colegiados em pleno ano eleitoral ligou o sinal de alerta entre integrantes da articulação política do governo, que pretendia focar na aprovação de pautas econômicas. O entendimento é que a ideia de acolher as demandas da oposição tem o objetivo de fustigar o Planalto.

O encontro com líderes partidários aconteceu exatamente uma semana após Lira disparar contra Alexandre Padilha. A relação entre eles é marcada por tensão. O presidente da Câmara, por exemplo, já chegou a sugerir a demissão do ministro e atribuiu a ele a culpa por dificuldades enfrentadas pelo governo na construção de uma base de apoio no Congresso.

O pano de fundo imediato é a votação em que a Câmara confirmou a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de mandar matar a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL).

Um dia depois de Lira chamar Padilha  de “incompetente”, Lula defendeu o ministro, disse que o manterá “só de teimosia” no comando da Secretaria de Relações Institucionais e comparou o cargo ocupado pelo aliado a um matrimônio. “Nos primeiros seis meses, é como um casamento, nos primeiros seis meses de casamento é tudo maravilhoso. Então, o que acontece é que chega um momento em que começa a cobrar.”

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1 comentário

joao medeiros 17 de abril de 2024 11h09
Vejo que em um governo democratico igual este, não adianta lutar e emparedar contra a justiça, principalmente movimentos criminosos institucionalizados, usando chantagens, sabotagens infiltrações. Todos os movimento de pressão irão se voltar contra os autores hipócritas. Neste caso, lula sendo chantageado a interceder e atender estás chantagens institucional nunca terá este poder, porque será o primeiro novamente a ser preso. Somente acabou o sequestro quanto se bloqueou as contas e patrimonio das vítimas.

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