Política
Levantamento mostra derrocada do bolsonarismo nas redes sociais
A mobilização digital para convocar os atos da extrema-direita no dia 15 de novembro teve apenas 50 mil menções nas principais plataformas
O esvaziamento dos atos bolsonaristas no feriado de 15 de novembro apontam uma queda no capacidade de mobilização dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelas redes sociais. É o que mostra um levantamento da consultoria Quaest, divulgada nesta sexta-feira 17, pelo jornal O Globo.
Um monitoramento das redes sociais e aplicativo de mensagens revelou que a mobilização para os atos do último feriado foi significativamente menor do que em protestos anteriores.
A média de menções sobre o tema, conforme mostra a consultoria, girou em torno de 50 mil. O volume é drasticamente mais baixo quando comparado com manifestações em 2022. Em 7 de setembro do ano passado, por exemplo, a média de menções ao tema foi de 316 mil.
A explicação para a derrocada do bolsonarismo nas redes sociais, diz o diretor da pesquisa, o cientista político Felipe Nunes, pode estar no fracasso do 8 de Janeiro e, principalmente, na resposta da Justiça aos atos golpistas.
“Um dos pilares mais importantes de sua estratégia política era a mobilização convocada nas redes e apresentada nas ruas. O “DataPovo” parece ter sofrido um baque importante depois do 8 de Janeiro. Com o Supremo atuando para inibir movimentos antidemocráticos, o bolsonarimo mais ativo e mais radical está acuado”, avalia Nunes ao O Globo.
A redução do público em atos convocados pelos apoiadores do ex-presidente não é novidade. Em outubro, um evento antiaborto marcado em Belo Horizonte conseguiu reunir apenas algumas poucas pessoas. Naquela ocasião, Bolsonaro creditou o esvaziamento como um reflexo da “arapuca da esquerda” do 8 de Janeiro.
“Creio que a diminuição do número de pessoas vai pelo temor do que aconteceu no 8 de Janeiro. Agora, lá eram brasileiros patriotas que foram se manifestar, entraram em uma arapuca, numa armadilha patrocinada pela esquerda”, alegou o ex-capitão à época. “E hoje muitos irmãos nossos estão sendo condenados por esses atos. Reprovo, sim, a dilapidação de patrimônio público, mas não justifica a pena”, disse Bolsonaro na ocasião.
No entanto, o que se observa é uma desmobilização da base aliado do ex-presidente, que perdeu ainda mais fôlego após a declaração de sua inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A perda do controle das estruturas estatais de comunicação por parte dos bolsonarista também contribuiu para esse arrefecimento dos apoiadores, indicam os pesquisadores no levantamento desta sexta. Além disso, a ausência de personagens importantes do bolsonarismo engajados na convocação dos atos influenciou diretamente no comparecimento.
Na última quarta-feira 15, apenas 100 manifestantes se reuniram na frente do prédio da Fiesp, em São Paulo, com cartazes contra o STF e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em Brasília foram contabilizadas cerca de 200 pessoas no ato, mesmo volume registrado no Rio de Janeiro.
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