Política

‘Lamentamos as 600 mil mortes, mas nós temos que viver’, diz Bolsonaro

Presidente voltou a afirmar que eleições em 2018 foram fraudadas e insinuou que ministros do STF são ‘pequenos ditadores’

‘Lamentamos as 600 mil mortes, mas nós temos que viver’, diz Bolsonaro
‘Lamentamos as 600 mil mortes, mas nós temos que viver’, diz Bolsonaro
Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a minimizar as mortes causadas pela pandemia da Covid-19 no Brasil. Durante um evento no Amapá, nesta sexta-feira 14, o ex-capitão disse que apesar de lamentar os mais de 600 mil óbitos no País, é preciso ‘seguir com a vida’. O Brasil já contabiliza mais de 620 mil vidas perdidas pela doença.

“Lamentamos as 600 mil mortes, mas nós temos que viver. Nós temos que sobreviver”, disse logo após criticar o lockdown e medidas adotadas por estados e municípios para reduzir o número de óbitos e infectados.

Bolsonaro também repetiu ataques às urnas eletrônicas e, novamente sem apresentar qualquer prova, afirmou que a eleição que o levou ao poder em 2018 foi fraudada.

“Estávamos à beira do socialismo, um País mergulhado em corrupção, um País que parecia não ter um norte. Era pra eu ter ganho no primeiro turno se fosse eleições limpas no primeiro”, disse em tom inflamado.

A declaração de Bolsonaro repete um discurso já desmentido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Até o presente momento, não há nenhuma evidência que comprove que as eleições, seja de 2018 ou anteriores, tenham sido fraudadas.

O ex-capitão também voltou a insinuar que ministros do Supremo Tribunal Federal sejam ‘pequenos ditadores’. Em um ataque mais sutil que o habitual, Bolsonaro não citou nomes, nem fez menção direta ao tribunal.

“Quando vocês dizem que ‘todo poder emana do povo’, mas o povo tem que ter uma liderança do seu lado. Sabemos e aprendemos durante o período de pandemia o projeto de pequenos ditadores que apareceram no Brasil, desprezando e maltratando o povo por seus interesses pessoais”, afirmou. “Ele [Deus] me botou lá e só ele me tira de lá”, acrescentou repetindo declarações recentes.

Ele ainda fez ataques ao MST e sugeriu que pretende aprovar o excludente de ilicitude para impedir que policiais militares respondam judicialmente por mortes durante as operações.

Fabio Faria ataca Dilma e critica o jantar entre Lula e Alckmin

O ministro das Comunicações, deputado Fábio Faria, usou parte do seu tempo no discurso para atacar a ex-presidente Dilma Rousseff e criticar a aproximação entre o ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin.

“Eu vejo jantares do PCdoB, do PT, com o PSDB e não vejo a ex-presidente Dilma em nenhum, não vejo o Vaccari em nenhum, não vejo o Zé Dirceu em nenhum. Mas eles vão aparecer, sabe onde, presidente? Na campanha ao lado do MST. […] Eles estão escondidos, mas vamos mostrar na campanha”, disse, em referência ao jantar do grupo Prerrogativas que reuniu pela primeira vez os possíveis aliados Lula e Alckmin.

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