Educação
Juiz suspende inquérito contra delegado que investiga Milton Ribeiro e Bolsonaro por escândalo no MEC
A apuração permanecerá suspensa ao menos até o julgamento do mérito pela 3ª Turma do TRF-1
O juiz Marllon Sousa, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, suspendeu um inquérito da Corregedoria da Polícia Federal contra o delegado Bruno Calandrini, responsável pela investigação sobre um escândalo de corrupção na gestão de Milton Ribeiro no Ministério da Educação, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Conforme a decisão, assinada na quinta-feira 19 e divulgada pelo jornal O Globo nesta sexta 20, não há indícios de que Calandrini tenha cometido abuso de autoridade. Na avaliação do magistrado, o delegado só virou alvo da Corregedoria como “retaliação” por investigar “pessoas de reconhecido poder político e econômico”. O inquérito foi aberto pela gestão anterior da PF.
A apuração da Corregedoria permanecerá suspensa ao menos até o julgamento do mérito pela 3ª Turma do TRF-1.
A polêmica interna na PF teve início em setembro de 2022, quando Calandrini convocou a cúpula da corporação para ser interrogada sobre a operação que levou à prisão de Milton Ribeiro.
Posteriormente, o delegado determinou o indiciamento da cúpula, sob acusação de crimes na operação. No despacho, Calandrini apontou que integrantes do comando da PF atuaram para descumprir a ordem judicial que determinava a transferência de Ribeiro de Santos para Brasília.
Dias depois, em entrevista ao jornal O Globo, Bruno Calandrini lamentou ter passado da posição de investigador para a de “investigado”. Ele reiterou que considera ter havido “interferência” na investigação.
O escândalo no MEC pode voltar aos holofotes. A deputada federal eleita Luciene Cavalcante (PSOL-SP) acionou a Controladoria-Geral da União, na última terça-feira 17, para pedir o fim do sigilo sobre as visitas de pastores lobistas a Bolsonaro e a Ribeiro.
Em abril do ano passado, o Palácio do Planalto decretou sigilo sobre as agendas. Investigados pela Polícia Federal, Gilmar Santos e Arilton Moura são suspeitos de pedir propina para liberar recursos da pasta a prefeituras.
Gilmar é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e Arilton é assessor de Assuntos Políticos da organização. Os dois intermediaram encontros de prefeitos com Milton Ribeiro.
Ribeiro chegou a ser preso em 22 de junho, mas um dia depois a prisão foi revogada por Ney Bello, do TRF-1.
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