Justiça

Juiz da Lava Jato notifica a PF e recomenda investigação de grampo contra Youssef

Conforme investigação da corporação à qual CartaCapital teve acesso, o grampo clandestino funcionou entre 17 e 28 de março de 2014

O doleiro Alberto Youssef. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Eduardo Appio, notificou nesta segunda-feira 22 a Superintendência da Polícia Federal no Paraná sobre os detalhes revelados a respeito da gravação ilegal da cela onde esteve preso, no âmbito da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef. Conforme o material, ao qual CartaCapital teve acesso, o grampo clandestino funcionou entre 17 e 28 de março de 2014.

Apos a defesa de Youssef denunciar a ação ilegal, a PF abriu um procedimento interno. A apuração conduzida nos meses seguintes pela Corregedoria-Geral de Polícia Federal, especificamente pela Coordenação de Assuntos Internos, concluiu que “restou comprovada a existência de indícios” da instalação do equipamento de interceptação ambiental.

“Os elementos encontrados na referida sindicância administrativa da Corregedoria da PF (e encaminhados a este Juízo que autorizou a prisão em 2014) permitem afirmar que existem indícios concretos e documentados acerca do cometimento de graves delitos, em tese, na referida carceragem”, diz Appio na decisão assinada nesta segunda.

Ele ainda determinou que a 13ª Vara “comunique, com urgência e por meio eletrônico, a Superintendência da Polícia Federal do Paraná para que, querendo, instaure o competente inquérito policial para a rigorosa e necessária apuração dos fatos denunciados por Alberto Youssef”.

Segundo o relatório obtido por CartaCapital, o conjunto de áudios demonstra que o equipamento foi utilizado “por pelo menos 12 dias (…) em cela da custódia da SR/DPF/PR, em época compatível com a primeira fase da Operação Lava Jato, quando foi preso, entre outros, o doleiro Alberto Youssef”.

Youssef já havia tentado acessar o laudo da investigação, mas não teve êxito no período em que Sergio Moro esteve à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba. Apenas em 2023, sete anos depois de concluída a investigação, o doleiro conseguiu analisar o material, a partir de uma nova petição apresentada a Appio, atual magistrado responsável pela Lava Jato.

Os próximos passos da defesa de Youssef podem ser decisivos para o caso, um dos mais simbólicos da história da operação. Há a possibilidade, nos próximos dias, de o doleiro pedir a anulação ou a revisão de sua delação premiada. Não se descarta, também, a chance de ele buscar algum tipo de reparação judicial pelo grampo clandestino.

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