Justiça

Juiz da Lava Jato diz à PF ver ‘imensa gravidade’ em novas acusações de Tacla Duran

O advogado é testemunha em uma denúncia apresentada pela operação contra o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas

O advogado Rodrigo Tacla Duran. Foto: Reprodução
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O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, entende haver “imensa gravidade” nas acusações apresentadas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran durante depoimento prestado por videoconferência na terça-feira 9. O relato foi imediatamente repassado à Polícia Federal pelo magistrado, responsável pelos processos da Lava Jato.

Duran foi ouvido na condição de testemunha sobre uma denúncia apresentada pela operação contra o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas. O advogado afirmou ter ocorrido na Lava Jato um movimento para proteger doleiros, entre os quais o chinês naturalizado brasileiro Wu Yu-Sheng.

A “proteção” se concretizaria mediante o pagamento de uma “taxa”, também classificada como uma “mesada”. O pagamento regular, disse Duran, garantiria a “não persecução penal desses doleiros” em Curitiba.

“[Wu] me comentou que se sentiu traído porque acabou sendo denunciado no Rio de Janeiro”, acrescentou Duran. “Uma denúncia que inclusive tem uma análise esquisita, estranha.”

“Diante da imensa gravidade dos fatos supostamente criminosos noticiados na audiência da tarde de hoje pela testemunha RODRIGO TACLA DURAN, encaminhe-se cópia da presente audiência para o Sr Superintendente da Polícia Federal do Paraná para as providências que julgar cabíveis”, escreveu Eduardo Appio logo após o depoimento.

Houve, ao longo da oitiva, uma nítida preocupação de não utizilá-la para abordar as acusações do advogado ao senador e ex-juiz Sergio Moro (União-PR) e ao deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Este caso está na alçada no Supremo Tribunal Federal.

No final de março, Tacla Duran afirmou em depoimento a Appio ter sido alvo de um “bullying processual” no âmbito da Lava Jato. Ele também declarou ter sido vítima de uma suposta tentativa de extorsão e citou Moro e Dallagnol.

Em nota divulgada após o depoimento do advogado em março, a assessoria do ex-juiz sustentou que seu cliente é alvo de “calúnias” e não teme “qualquer investigação”. Deltan, por sua vez, se referiu a Eduardo Appio como “juiz lulista e midiático, que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção”.

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