Política

“Me senti vítima do mais sujo machismo”, diz Joice ao denunciar ameaças

Deputada chora ao relatar ameças de morte contra ela e os filhos. Nas redes sociais, políticas de esquerda se solidarizam

Deputada federal Joice Hasselmann (PSL/SP). Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) subiu na tribuna do Plenário da Câmara nesta quarta-feira 06 à noite para fazer um tipo diferente de discurso do qual está acostumada. Ex-líder do Governo na Câmara, Hasselmann denunciou ataques machistas nas redes e disse que ela e os filhos foram ameaçados de morte.

“Essa moça tem dois filhos: uma jovem e um adolescente, de 11 anos. Nenhum de vocês sabe qual é o rosto dos meus filhos, por quê? Porque eles também já foram ameaçados de morte.”, falou. “E o meu mais novo, semana passada, me disse: “Mãe, por que estão chamando a senhora de porca na Internet?” “Por que estão chamando a senhora de Pig na Internet?” Não foi a senhora que ajudou tanto esse Governo?”, emociona-se.

 

“Nunca fui de me vitimizar, nunca. Mas foi a primeira vez que eu realmente me senti vítima do mais sujo machismo, do mais sujo machismo: encomenda de dossiês falso, montagens. A minha família não vai passar por isso. Eu não vou permitir”, relatou.

Hasselmann também afirmou que já tem mais de 700 páginas de ataques virtuais coordenados contra ela – majoritariamente vindo de apoiadores de Jair Bolsonaro após embate pela liderança do PSL na Câmara. “Eu estou levando algumas pessoas, alguns Parlamentares não só à Justiça, mas ao Conselho de Ética e a própria PGR”, afirmou. Mesmo assim, disse “respeitar a história do presidente”.

Ela retomou as críticas que fazia ao governo de Dilma Rousseff – Hasselmann é uma das mais figuras carimbadas nas manifestações pelo impeachment -, reafirmou-se “liberal na economia, conservadora nos costumes”, mas reiterou que “nem aqueles que faziam fake news da esquerda fizeram algo parecido com o que estão fazendo”.

Seguidores, porém, criticaram Hasselmann pelo impulsionamento das mesmas fake news das quais, agora, ela é vítima. Também há menções à comentários misóginos feitos por ela contra Dilma Rousseff – “vaca” foi um deles.

Manuela D’Ávila, ex-candidata a vice-presidência, foi uma das que mostrou suporte – apesar de lembrar que Hasselmann fazia parte do grupo que a atacava na época das campanhas. “Não é mesmo nada fácil ser mulher e cair nas mãos da milícia virtual que governa o Brasil”, escreveu Manuela em carta aberta à parlamentar.

“Eles fazem isso, Joice, para depois nos chamarem de fracas. Eles querem provar que não somos capazes de desempenhar aquilo que nos propomos”, complementa. Depois, lembra à deputada que a filha Laura também foi vítima de um ataque aos 45 dias de vida. Leia a íntegra:

No fim do discurso, Hasselmann agradeceu à Bancada Feminina, que é composta por todas as deputadas da casa, pelo apoio recebido. “Todas se solidarizaram, todas. Eu quero agradecer aqui porque isso não é uma questão de corporativismo feminino; é uma questão de humanidade, de decência”.

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