Política

Joice denuncia uso de dinheiro público por deputados em rede de fake news

Ex-líder do governo no Congresso, que está na CPMI das Fake News, diz que parlamentares usam de assessores para construir rede de ataques

Joice denuncia uso de dinheiro público por deputados em rede de fake news
Joice denuncia uso de dinheiro público por deputados em rede de fake news
Deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) foi expulsa da liderança do governo no Congresso. (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)
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A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou, nesta quarta-feira 4, que existe “dinheiro público” por trás de redes coordenadas de ataques à reputações e disseminação de fake news.

Em uma apresentação de mais de uma hora e meia na CPMI das Fake News, à qual foi convocada, Hasselmann associa a estratégia de divulgação das redes bolsonaristas a assessores parlamentares de deputados estaduais e federais. Por isso, afirma que há mais de 491.300 reais anuais “destinados a perseguir desafetos”.

No início de sua fala, Hasselmann disse que preservaria a “instituição Presidência da República” e que não tinha certeza se o presidente, que, segundo ela, é seguido por mais de 1.4 milhão de robôs, tem “consciência do tamanho da loucura que esse gabinete do ódio produz”.

No entanto, essa não é a situação dos filhos do presidente, segundo a deputada. Eduardo e Carlos Bolsonaro são apontados como determinadores dos alvos específicos para a difamação, que ocorre por meio de uma rede articulada de assessores, perfis de apoio ao presidente nas redes sociais, disparos de robôs e mobilização de movimentos como o Conversador, Direita SP e Avança Brasil.

“Não estou contra as tias do WhatsApp, estou contra uma organização criminosa”, relatou a deputada.

Slides apresentados pela deputada federal Joice Hasselmann na CPMI das Fake News (Foto: Reprodução)

Joice ainda aponta um núcleo central nomeado de “Gabinete do Ódio” que, como indica o nome, esforça-se em apontar nomes para a produção de montagens, memes, difamação e “destruição de reputação”, aponta a deputada.

A apresentação levada por Hasselmann continha prints – que, segundo ela, são autenticados por um perito digital -, áudios, vídeos de ameaças a figuras inimigas do bolsonarismo, como o ministro Gilmar Mendes, e a identificação do local de trabalho de assessores que, em horários comerciais, ocupavam-se de propagar as montagens.

O deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) foi um dos apontados como um dos principais ‘contratadores’ dos serviços de assessores que produzem peças rapidamente virais. Questionada sobre a origem dos disparos feitos pelos robôs nas redes sociais, Hasselmann disse que desconhecia a origem mas recomendou que se “seguisse o dinheiro”.

Joice foi desassociada da base governista no dia 17 de outubro após a crise desencadeada pela liderança do PSL na Câmara dos Deputados. Ela não é a única ex-alinhada a comparecer na CPMI. Antes dela, foram convidados o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) e o general Santos Cruz, ex-ministro chefe da Secretaria de Governo.

Na época das eleições e ao longo do ano, ela foi uma das deputadas mais alinhadas às políticas propostas pelo governo Bolsonaro. Após sofrer ataques, chegou a mencionar que estava sendo “vítima do mais sujo machismo”.

Acompanhe o restante da sessão na CPMI das Fake News ao vivo:

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