Política
Janaina reage a críticas de alunos e confirma que voltará a lecionar na USP: ‘É uma questão legal’
‘Não é que eu estou pedindo emprego na USP, implorando para voltar’, alegou a deputada; estudantes se manifestaram contra o retorno


A deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB-SP) afirmou nesta quarta-feira 8 que “não existe a opção de não voltar” a lecionar na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. A declaração foi concedida dias após integrantes do Centro Acadêmico XI de Agosto, órgão representativo dos estudantes, se manifestaram em carta contra o retorno dela às aulas.
“Não é que eu estou pedindo emprego na USP, implorando para voltar. É uma questão legal”, afirmou Paschoal na Assembleia Legislativa do estado. Seu mandato se encerrará em 14 de março, quando também chegará ao fim sua licença da universidade. “Isso significa que dia 15 de março automaticamente eu estou de volta na USP. Não é questão de interesse ou falta de interesse. É decorrência natural da legislação vigente.”
Ela ainda declarou ter “plenas condições de conversar com os alunos e explicar ponto a ponto da visão, com todo o respeito, distorcida que eles têm”.
Os integrantes do centro acadêmico da faculdade argumentaram que a volta de Janaina às atividades docentes foi recebida com “perturbação”.
“Desde que se tornou uma das lideranças e a principal fiadora jurídica da extrema-direita, Janaína abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurídico do País”, destacam em um trecho da carta.
Os estudantes lembram ainda que Janaina foi uma das poucas docentes a não assinar uma carta produzida pela Faculdade de Direito em defesa do Estado Democrático, durante o processo eleitoral. O documento teve mais de um milhão de assinaturas.
“Consideramos que Janaina Paschoal tem dado uma contribuição indecente para o País”, apontam. “Nos quatro anos sombrios que o País enfrentou sob o governo de Bolsonaro, Janaina se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema-direita são mínimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles.”
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