Política
Irmão de Mauro Cid entra na mira da CPMI do 8 de Janeiro
Requerimento do deputado Duarte Jr. pede quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático de Daniel Barbosa Cid, irmão do ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro


A CPMI do 8 de Janeiro, que recebe Mauro Cid, o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, para prestar depoimento nesta terça-feira 11, também voltou parte da sua artilharia para Daniel Barbosa Cid, irmão do tenente-coronel. A intenção é quebrar os sigilos bancário, fiscal e telemático de Daniel por suspeitas de financiamento aos atos golpistas em Brasília.
O requerimento que mira o irmão do militar foi apresentado na sexta-feira 7 pelo deputado Duarte Junior (PSB-MA) e incluído no sistema nesta segunda-feira 11. No documento são quatro pedidos listados contra Daniel, que mora nos Estados Unidos. O parlamentar pede:
- a quebra e transferência do sigilo telefônico no período de 01 de outubro de 2022 a 30 de junho de 2023, incluindo-se o registro e a duração das ligações telefônicas realizadas e recebidas;
- a quebra e transferência do sigilo fiscal e bancário no período de 01 de janeiro de 2022 a 30 de junho de 2023, por meio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF);
- a quebra e transferência do sigilo fiscal e bancário de transações internacionais realizadas e recebidas no período de 01 de janeiro de 2019 a 30 de junho de 2023, por meio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF);
- a quebra e transferência do sigilo fiscal e bancário de contas de poupança, contas de depósito, contas de investimento e direitos, valores e instituições financeiras.
No pedido, o deputado sugere que Daniel Cid pode ter financiado os atos usando sua empresa nos EUA, a CleanBrowsing. Ele cita, para defender a quebra e transferência dos sigilos, comprovantes de transferências para o exterior encontrados no celular de Mauro Cid, além de reportagens que indicam o grande patrimônio da família do militar naquele país.
“Importante ressaltar que um dos eixos de investigação desta CPMI devem ser a apuração e punição das pessoas que contribuíram como financiadores para que os atos ilícitos e graves contra os poderes da República se concretizassem”, diz um trecho do pedido.
“Vale lembrar que as manifestações de 8 de Janeiro de 2023 foram impulsionadas pelos manifestantes que, se deslocaram para Brasília, ocupando um acampamento golpista situado em frente ao Quartel General do Exército, com estrutura que dependeu de recursos financeiros, sobre os quais ainda paira necessidade de esclarecimentos sobre a articulação e origem, de modo que o Requerimento é pertinente”, argumenta em seguida Duarte.
Se aprovado, o requerimento deve fechar ainda mais o cerco contra Mauro Cid, que irá depor na CPMI nesta terça-feira. Do militar, espera-se explicações detalhadas sobre a trama golpista encontrada no celular pela Polícia Federal. Ele também será questionado sobre as ordens recebidas de Jair Bolsonaro e seu envolvimento em outras suspeitas na família do ex-presidente. A CPMI quer, ainda, acesso aos e-mails trocados pelo tenente-coronel.
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