Política

As explicações que Mauro Cid terá que fornecer aos parlamentares na CPMI do 8 de Janeiro

Ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro é peça-chave para montar a cronologia de fatos até os atos golpistas; ele poderá, porém, ficar em silêncio

Foto: Alan Santos / PR
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O tenente-coronel Mauro Cid, principal ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestará depoimento aos senadores e deputados que integram a CPMI do 8 de Janeiro na manhã desta terça-feira 11. Aos parlamentares, Cid deverá fornecer explicações para, ao menos, quatro fatos relevantes na sua atuação como auxiliar do ex-capitão.

O primeiro e principal objeto de análise dos parlamentares será o conteúdo golpista encontrado no celular apreendido pela Polícia Federal durante a operação Venire. Nas mensagens, Cid foi flagrado discutindo planos de ruptura com mais de um militar. Em uma das conversas, há, inclusive, um passo a passo para colocar um golpe de Estado em prática. O documento conta até com ‘amparo jurídico’ aos militares que aderissem ao golpe.

Esse documento é considerado vital porque pode formar a real cronologia dos fatos que culminaram nos atos terroristas em Brasília naquele 8 de Janeiro. Na visão de governistas da CPMI, Cid e este documento podem ser os elementos que ligam o ex-presidente Bolsonaro aos fatos. Há ainda outras mensagens que indicam que a trama golpista rondava o entorno do ex-capitão. Cid será questionado também sobre ter levado ou não os itens para conhecimento do ex-presidente. É importante lembrar que, por decisão judicial, o militar poderá ficar em silêncio e não se incriminar. O silêncio, neste caso, será revelador.

Ainda na trama golpista, mas em outra frente de exploração, os parlamentares irão questionar Cid sobre sua relação com o coronel Jean Lawand Júnior, primeiro depoente na CPMI. O militar é um dos interlocutores de Cid na trama golpista revelada pela PF. A suspeita é de que Lawand mentiu na sua oitiva para tentar se afastar do envolvido com a ruptura planejada. As respostas de Cid podem, portanto, confirmar a mentira se forem conflitantes com a fraca tese exposta pelo colega de farda.

Outro ponto do depoimento que poderá também afetar diretamente o ex-presidente é justamente o fato que levou Cid para a cadeia no dia 3 de maio. O tenente-coronel foi preso em um esquema de falsificação nos cartões de vacinação de bolsonaristas. O próprio ex-capitão teve seu documento adulterado. A intenção é compreender qual o nível de envolvimento de Bolsonaro na fraude. As respostas de Cid podem dar elementos para reforçar a tese de que o ajudante de ordens fazia tudo – inclusive a trama golpista – a mando do ex-presidente.

Cid também deverá explicar aos parlamentares a sua relação com Michelle Bolsonaro. No mesmo celular há diversos comprovantes de pagamentos para a ex-primeira-dama. O fato tem indicações, inclusive, de suspeita de rachadinha. Novamente, a relação de intimidade entre o ajudante de ordens e a família de Bolsonaro poderão auxiliar na linha que aponta o ex-presidente como mandante dos planos encontrados no aparelho.

O mesmo acontecerá com as joias sauditas, outro item a ser questionado pelos parlamentares. Cid é apontado como o líder da cruzada presidencial para liberar os kits luxuosos apreendidos pela Receita Federal. Mais uma vez, ele será questionado sobre as ordens que recebia de Bolsonaro e se tudo o que fazia era a mando do ex-capitão. A depender das respostas, Bolsonaro voltará a ser apontado como suposto mandante da trama encontrada pelos investigadores.

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