História de ‘noivinha do Aristides’ é mentira, diz mulher detida em Resende

'Não sei de onde saiu', afirma advogado, ouvido por CartaCapital; expressão 'filho da puta' não pode ser ligada ao presidente, diz defesa

Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

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A mulher de 40 anos que foi detida por, supostamente, ter ofendido o presidente Jair Bolsonaro em uma estrada em Resende (RJ), no sábado 27, negou que tenha dito a expressão “noivinha do Aristides” ao chefe do Planalto. A alegação contraria a versão que circulou nas redes sociais nos últimos dias.

Bolsonaro cumprimentava motoristas na Via Dutra antes de uma agenda na Academia Militar das Agulhas Negras, quando teria sido insultado pela mulher.

Segundo o advogado Luiz Augusto Guimarães, que a representa judicialmente, a informação é falsa.

 

 


“Essa situação de noivinha do Aristides eu não sei de onde saiu. Isso não é verdade, ela nunca disse, isso não consta no depoimento dela, é mentira”, declarou Guimarães, em entrevista a CartaCapital.

Guimarães publicou uma nota com o advogado Marcello Martins em que relata que a mulher estava em viagem com a família à cidade de Aparecida, quando viu o presidente da República acenar para motoristas.

De acordo com a nota, “num momento de grave estresse em decorrência do engarrafamento, e por tudo o que enfrentou em sua vida profissional durante a pandemia, num momento de desabafo, exclamou a expressão ‘filho da puta’“. Ela estava no banco do carona, e o carro se encontrava longe de Bolsonaro, segundo o texto.

Os policiais rodoviários federais, então, ouviram o que ela disse e a conduziram para prestar depoimento na Delegacia da Polícia Federal de Volta Redonda. Militares foram apontados como testemunhas.

Segundo a Polícia Federal, foi lavrado um termo circunstanciado e a mulher foi liberada após assumir compromisso de comparecer em juízo. Ela foi detida com base nos artigos 140 e 141 do Código Penal, sobre o crime de injúria, com pena de um a três anos e multa e agravamento de um terço da punição se o alvo for o presidente da República ou um chefe de Estado estrangeiro.

“A única coisa que ela relata é que ela soltou um ‘filho da puta’, mas não há como vincular isso ao presidente”, diz Guimarães à reportagem. “Não há como fazer o nexo de causalidade nessa ligação direta com o presidente.”

O advogado declarou que Bolsonaro nem teria visto o ocorrido e acrescentou: “Juridicamente, não há como vincular a expressão ao presidente. Ela não falou ‘presidente filho da puta’ ou ‘Bolsonaro filho da puta’“.

Profissional da saúde, a mulher passou a pandemia na linha de frente e está em situação de estresse, segundo a defesa. A grande repercussão do caso e de informações falsas a deixou “apavorada”, diz Guimarães.

A expectativa é de que o caso seja remetido ao Ministério Público, que deve decidir por quais crimes ela vai responder. O processo corre em segredo de Justiça.

 

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