Política

Haddad confia em Lula para 2022 e vê ‘crise de identidade’ nos candidatos a ‘terceira via’

Em entrevista exclusiva a CartaCapital, o petista afirmou que Lula está ‘animado e disposto’ para a corrida rumo ao Palácio do Planalto

Créditos: Divulgação
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O ex-prefeito de São Paulo e candidato à Presidência pelo PT em 2018, Fernando Haddad, respondeu às frequentes provocações do presidente Jair Bolsonaro sobre como estaria o País se o petista ocupasse o Palácio do Planalto. “Bastaria um presidente com um mínimo de juízo e empatia para estarmos em um momento melhor e evitar a morte de 400 mil pessoas”, disse Haddad em entrevista exclusiva ao canal?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> de CartaCapital no YouTube nesta quinta-feira 13.

“É muito penoso conviver com um presidente tão descompensado que, hoje se sabe, recusou todos os procedimentos sanitários recomendados, bem como a compra de vacinas. É como se um bombeiro, no meio de um incêndio, recusasse um caminhão pipa”, acrescentou, em referência aos depoimentos colhidos pela CPI da Covid.

Para Haddad, a comissão já conseguiu mostrar os crimes cometidos por Bolsonaro durante a pandemia. “Temos caracterizados crime de improbidade administrativa, crime de responsabilidade e crime comum. Ninguém mais poderia tomar as medidas necessárias do que ele, o chefe do Executivo federal, e que coordena o Plano Nacional de Imunização. A responsabilidade é do presidente e do ministro da Saúde”, afirmou.

Na entrevista, Haddad também analisou o cenário eleitoral de 2022, evitou se posicionar como potencial candidato à Presidência e afirmou que o País não pode prescindir da experiência do ex-presidente Lula como oposição ao bolsonarismo. Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira 12 mostra Lula, provável candidato do PT, com larga vantagem sobre Bolsonaro em um segundo turno: 55% a 32%.

“Uma coisa é não ter o Lula, como infelizmente aconteceu em 2018. Mas, tendo o Lula animado e disposto, com seus direitos readquiridos, não deveríamos prescindir da experiência dele”.

“Eu vou estar no Brasil, defendendo a democracia. Escalação, acho que não é o caso de fazer agora, em 2021. Tem que fazer no ano da Copa, ano que vem. Quero que meu time vença o campeonato. Se vou estar na ponta direita, esquerda, na zaga ou no gol, se o Brasil retomar a democracia para mim está bom. Não é mais importante colocar o time à frente de suas ambições pessoais?”, completou, ao ser questionado sobre sua possível candidatura. “Acho que o Lula quer disputar e é a pessoa mais indicada para recolocar este País nos trilhos”.

Haddad também apontou o que chamou de “crise de identidade” dos nomes que tentam se firmar como uma ‘terceira via’, em oposição a Lula e Bolsonaro.

“Há um ano e meio eu disse que Ciro Gomes e João Doria teriam muitas dificuldades de se lançar. Na política, existe uma coisa difícil de conviver, que é a crise de identidade: quando a pessoa olha para você e não sabe onde você está no espetro ideológico, não sabe as bandeiras que você vai empunhar. Os dois personagens oscilaram muito em relação ao que representam e isso irá trazer consequências duradouras para as intenções de voto”, declarou.

O Datafolha também indicou que, em uma projeção de primeiro turno, enquanto Lula teria 41% das intenções de voto e Bolsonaro teria 23%, Ciro Gomes teria 6% e João Doria (PSDB), 3%. “As pesquisas mostram a dificuldade enorme deles de se descolarem desse patamar baixo de voto, rumo a uma candidatura competitiva”, complementou Haddad.

O ex-prefeito de São Paulo, no entanto, reforçou que é preciso haver uma aliança para derrotar Bolsonaro e garantiu que o PT não abdicou do diálogo com Ciro. “Nunca deixou de haver interesse no diálogo. Se a pessoa tem senso de democracia, tolerância, cumpre pressupostos básicos da convivência harmoniosa no campo da democracia, está tudo certo. É preciso uma aliança para derrotar Bolsonaro. Qualquer candidato democrata que se apresente tem que contar com o apoio dos demais”, afirmou.

A lógica, segundo Haddad, deve ser mantida para a disputa estadual em São Paulo. O petista aparece como um dos nomes fortes da disputa, ao lado de Guilherme Boulos, potencial candidato pelo PSOL.

“Sem personalizar, o que eu defendo é que haja uma frente progressista em São Paulo para derrotar o candidato do Bolsonaro e o candidato do Doria. Esse é o pressuposto para a gente sentar na mesa com o maior número de partidos possível. Se conseguirem chegar em um nome de entendimento, vou apoiá-lo”, declarou.

“Esse campo pode ser muito interessante. Pode ter aí PDT, PSB, Solidariedade, PT, PSOL, uma gama de partidos com objetivo comum. São Paulo tem de ser vitrine para o Brasil e para o mundo, não uma coisa pequena e tacanha como vem sendo. Precisamos também de uma resposta paulista ao bolsonarismo”, completou.

Assista à íntegra da entrevista:

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