Economia

Guedes vai propor salário e aposentadoria sem correção pela inflação, diz jornal

Plano do ministro da Economia é desvincular o salário mínimo e os benefícios previdenciários do INPC; com isso, nem a reposição anual da renda do trabalhador está garantida

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Foto: Evaristo Sá/AFP
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Um novo plano de Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro, foi revelado nesta quinta-feira 20 pelo jornal Folha de S. Paulo e pode acabar com a correção salarial anual de trabalhadores e aposentados brasileiros.

Segundo a publicação, que teve acesso a trechos do documento, caso o ex-capitão seja reeleito, o titular da pasta pretende desvincular o salário e os benefícios previdenciários do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), principal monitor da inflação. A intenção, dizem, é apresentar a proposta ao Congresso no dia seguinte ao resultado das urnas.

Caso a ideia avance, nem mesmo a reposição da renda do trabalhador está garantida para os próximos anos de gestão bolsonarista no Planalto.

O plano é um novo revés para a renda do trabalhador brasileiro, já reduzida com Bolsonaro. Antes da chegada do ex-capitão ao Planalto, o salário era corrigido não apenas pela inflação, mas também era previsto um aumento real com base no crescimento do PIB brasileiro. Nos quatro anos de governo Bolsonaro, porém, todos os orçamentos indicaram apenas a reposição prevista na Constituição sem qualquer aumento.

É importante ressaltar que o atual governo já é o detentor do mandato com o menor poder de compra para o trabalhador. Os índices de inflação no atual governo também seguem bem acima da expectativa e da meta definidas pela gestão. Durante o mandato, o acumulado do INPC chegou a patamares piores do que os registrados na década de 1990.

Outro ponto que merece destaque é o fato de que, até aqui, Bolsonaro vinha resistindo a planos de mesmo teor do que a nova iniciativa de Guedes. Em 2020, o ex-capitão chegou a ameaçar com demissão um secretário do Ministério da Economia que defendeu a desvinculação.

A iniciativa atual, no entanto, pode ter adesão facilitada porque, segundo o documento, seria uma forma de garantir dinheiro fora do teto para Bolsonaro pagar promessas de campanha que ainda não têm recursos para saírem do papel. É o caso do Auxílio Brasil de 600 reais, que tem previsão apenas até dezembro e não consta no Orçamento de 2023 enviado ao Congresso. O mesmo acontece com o 13º para mulheres que recebem o benefício anunciado por Bolsonaro, mas sem qualquer previsão de recurso até aqui.

A proposta de Guedes também deve afetar outros benefícios previdenciários, como o seguro-desemprego, que está atrelado ao valor do salário mínimo e, portanto, também teria correção abaixo da inflação do ano anterior. Guedes prevê ainda outra série de situações em que ele poderá extrapolar o teto de gastos e a correção menor de outros gastos obrigatórios, privatizações de estatais e retirada de alguns itens do marco fiscal. O plano, segundo o jornal, vem sendo discutido há algum tempo, mas enfrenta resistências internas.

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