Política

Governo tentou comprar Sputnik V com intermediários e antes de aval da Anvisa

Modelo de negociação da vacina russa é semelhante ao da Covaxin, indica documento enviado à CPI da Covid

A vacina Sputnik V. Foto: Oliver Bunic/AFP
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Um documento enviado à CPI da Covid detalha a negociação do governo de Jair Bolsonaro por 200 milhões de doses da vacina Sputnik V. A exemplo da indiana Covaxin, o imunizante russo seria adquirido com a intermediação de uma terceira parte – no caso, a União Química.

As tratativas em torno da Sputnik V caminharam paralelamente à operação que viabilizou a compra da Covaxin. Em 18 de março, o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco, enviou uma carta ao Fundo Soberano Russo para tratar da “aquisição de 100 milhões de doses da vacina Sputnik V, com opção de compra de mais 100 milhões de doses, em cronograma de entrega a ser combinado no mais curto prazo possível”.

“Antes de lançarmos formalmente as negociações, contudo, agradeceria receber do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) confirmação sobre o status do relacionamento com a União Química Farmacêutica Nacional S/A, que por ora segue sendo a representante oficial do RDIF no Brasil e firmou contrato com este Ministério da Saúde, de venda de 10 milhões de doses da vacina Sputnik V, para o segundo trimestre de 2021”, diz ainda a carta.

Tudo isso aconteceu antes de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovar o uso emergencial da vacina russa. Apenas no dia 4 de junho a Anvisa concedeu, sob condições altamente controladas, o aval para importação de doses da Sputnik V. Antes, em 26 de abril, a agência havia rejeitado os pedidos de importação.

Também em junho, a CPI da Covid aprovou a convocação do ex-governador do Distrito Federal Rogério Rosso para prestar depoimento. Ele ocupa o posto de diretor de negócios internacionais da União Química.

As negociações para compra da Sputnik V e da Covaxin diferem das demais. No caso de imunizantes como Pfizer e Janssen, por exemplo, as tratativas se deram diretamente com os laboratórios responsáveis pela produção.

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