Política
Governo Lula deve manter primo de Lira no comando do Incra em Alagoas
O acordo foi fechado durante reunião na residência oficial da Câmara nesta segunda-feira 16. A decisão contraria demanda do MST
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve manter o advogado César de Lira no comando da superintendência do Incra em Alagoas, apurou CartaCapital com interlocutores do governo.
O martelo foi batido durante reunião na residência oficial da Câmara nesta segunda-feira 15, da qual participou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
A decisão pela permanência do primo de Arthur Lira (PP-AL) no Incra, vista como um aceno do Palácio do Planalto à Câmara, ocorre às vésperas da instalação da CPI que mira as recentes ocupações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
A tendência é que a CPI do MST seja instalada nesta quarta-feira 17. O colegiado deve ter entre seus integrantes expoentes do bolsonarismo, como os deputados federais Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) e Ricardo Salles (PL-SP), cotados para a presidência e para a relatoria, respectivamente.
O acordo para manter César de Lira no comando da unidade de Alagoas acontece após declarações de ministros do governo Lula em relação à ofensiva da bancada ruralista contra o movimento.
No final de semana, Paulo Teixeira ironizou a instalação da CPI e disse que os parlamentares encontrariam “coisas gravíssimas” durante a investigação, como suco de uva produzido sem trabalho escravo – uma referência às recentes denúncias de exploração trabalhista no Rio Grande do Sul.
A gestão de César de Lira é alvo de críticas do MST, que chegou a ocupar o prédio da unidade alagoana em abril durante as ações do Abril Vermelho. A entidade cobra a nomeação do servidor público José Ubiratan Resende Santana para o posto.
Lira foi nomeado superintendente do Incra em Alagoas ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2017, por indicação do deputado federal Marx Beltrão (PP-AL). Ele permaneceu no cargo no governo de Jair Bolsonaro (PL) com o apadrinhamento de Lira.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Lula e presidente recém-eleito do Paraguai discutem revisão do acordo de Itaipu
Por Wendal Carmo
Lira deve ler o requerimento para abrir a CPI das Criptomoedas
Por Wendal Carmo



