Política

Gonet demite funcionário da PGR que enviou mensagens golpistas a empresário

Antônio Rios Palhares trocava mensagens com o bolsonarista Meyer Nigri, investigado pela Polícia Federal

O procurador-geral da República, Paulo Gonet. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, exonerou, no dia 2 de janeiro, um funcionário da PGR acusado de disseminar notícias falsas e mensagens de teor golpista contra o Supremo Tribunal Federal pelo WhatsApp. A demissão está no Diário Oficial da União.

Antônio Rios Palhares foi citado em um relatório da Polícia Federal enviado à Corte no âmbito das investigações dos atos antidemocráticos.

Palhares pertencia ao quadro externo do Ministério Público e era funcionário comissionado. Ele foi indicado à PGR em 2020, por ser aliado do antecessor de Gonet, Augusto Aras.

Mensagens com teor golpista atribuídas a Palhares aparecem em relatórios produzidos pela PF. As mensagens foram trocadas com o dono da empreiteira Tecnisa, o empresário bolsonarista Meyer Nigri.

Nigri foi alvo de busca e apreensão por sua participação em um grupo de empresários que discutia teses golpistas. O empresário se gabava da sua aproximação com Augusto Aras, e com a vice-PGR, Lindôra Araújo. O contato entre eles teria sido intermediado por Palhares, conforme apontam os relatórios da investigação.

“A investigação também identificou a atuação direta de Meyer Nigri na divulgação de conteúdos demonstradamente falsos, os quais, conforme mensagens expostas ao longo do relatório, seriam sequencialmente difundidas por Niko Palhares, servidor comissionado da Procuradoria-Geral da República”, cita o relatório da Polícia Federal, obtido pelo site UOL nesta quarta-feira.

Em uma das mensagens trocadas entre Palhares e Nigri, em abril de 2022, o funcionário da PGR contava sobre uma tentativa de encontro entre os ministros do STF e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na sequência, Palhares afirma que apenas uma ação das Forças Armadas poderia “enquadrar” a Corte.

A PF detectou que o funcionário mantinha um grupo de WhatsApp de apoio a Jair Bolsonaro e pediu a Meyer Nigri que lhe encaminhasse as mensagens enviadas pelo ex-capitão, para que repassasse a seus contatos.

Em um áudio obtido pelos investigadores e revelados pelo site, Palhares chega a pedir um posto de trabalho à Nigri na campanha eleitoral de Bolsonaro.

“Seu Meyer, o senhor é meu irmão de coração, cara. Gosta do senhor desde o dia que eu te conheci, certo? Eu me emociono. Mas eu preciso trabalhar para o presidente. Eu não quero ficar na PGR tomando conta de agente e resolver problema de Aras, entendeu? Não quero. Eu quero estar com o presidente, eu quero trabalhar e mostrar o meu trabalho e depois num futuro, é outro mundo. Se não quiser me dar nada, não quero. Se quiser me dar alguma coisa, me dê, entendeu? Pronto, eu quero é trabalhar, trabalhar para a gente ganhar”, dizia o áudio.

Procurada por CartaCapital, a PGR ainda não comentou a demissão. O espaço segue aberto.

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