Política

‘Gás de cozinha não está caro’, diz Bolsonaro ao criticar governadores

O presidente argumenta que o produto está mais barato na ‘origem’ e culpa estados pela alta nos preços

O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Foto: Reprodução
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Em discussão sobre a alta no preço do gás de cozinha, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o valor inicial “não está caro” e disse que os custos acrescidos se devem aos impostos estaduais, ao frete e à margem de lucro do vendedor “na ponta da linha”.

 

A declaração ocorreu durante transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quinta-feira 19.

“O gás de cozinha tá caro? Tá caro, né, 130 reais em média. Tá caro? Tá caro. Mas vou falar o contrário. Não tá caro. Custa 45 reais lá quando ele é engarrafado”, argumentou. Em seguida, disse que zerou impostos federais sobre o produto. “Como eu gostaria que um governador zerasse o ICMS do gás no seu estado.”

Bolsonaro aplicou o mesmo discurso à gasolina: segundo ele, o combustível está barato na origem.

“Gasolina tá cara? Não tá 6 reais, 6,50 ou 7, não é verdade. Tá custando na refinaria, o litro da gasolina, 1,95 em média”, disse. Na sequência, declarou que o imposto federal está “na casa dos 74 centavos”, em valor fixo desde 2019, o que soma 2,70. “Aí é frete, margem de lucro e ICMS. O ICMS, em média, é o dobro do imposto federal.”

As queixas são instrumentos de Bolsonaro para pressionar os governadores a retirar os impostos estaduais desses itens, mas o discurso do presidente é rebatido: os governadores alegam que o ICMS representa uma fatia significativa da receita dos estados.

Caminhoneiros também afirmam que a alteração no ICMS não resolve a alta no preço dos combustíveis. Representantes da categoria defendem o rompimento da política de seguir a variação internacional do preço do petróleo, conduta adotada desde o governo de Michel Temer (MDB).

Em artigo publicado em CartaCapital, pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis afirmam que o preço médio dos derivados praticados pela Petrobras no mercado interno cresceu 102,9%: o preço médio do botijão de gás em junho de 2021 alcançou 87 reais na revenda, o que representa 8% do valor do salário mínimo.

Enquanto isso, a maior fatia da riqueza produzida pela Petrobras (40,6% de 31,6 bilhões de reais) até o 2º trimestre de 2021 irá para acionistas não brasileiros: cerca de 12,8 bilhões de reais. Entre 2016 e 2020, dizem os estudiosos, os dividendos pagos cresceram quase 24 vezes, saltando de 300 milhões para 6,9 bilhões.

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