Economia

Caminhoneiros não vão suportar mais aumentos nos combustíveis, diz presidente da ANTB

Presidente da associação diz que categoria está em alerta de paralisação: ‘no próximo aumento decretado, vai ter grande reação’

FOTO: REPRODUÇÃO
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O presidente da Associação Nacional de Transporte no Brasil, José Roberto Stringasci, afirmou que “não está afastada a possibilidade de uma paralisação dos caminhoneiros em breve”, depois da alta no preço dos combustíveis pela Petrobras. A estatal já anunciou dois aumentos no preço da gasolina só em janeiro; no dia 26, o diesel aumentou 4,4%, chegando a 2,12 reais na venda das refinarias às distribuidoras.

 

A declaração ocorre depois que o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira 5, que não controlará o preço dos combustíveis. O chefe do Planalto fez reunião com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e ministros, para debater formas de amenizar o valor. Entre as medidas anunciadas pelo governo, está a alteração na cobrança de impostos, como o ICMS, que compõem o preço final do diesel.

Em reação à declaração de Bolsonaro, o presidente da ANTB disse que a sugestão do governo de alterar o ICMS “não resolve”. Para ele, a gestão federal faz um “jogo de empurra” do problema para os estados, ao tentar responsabilizar os tributos estaduais, em vez de intervir diretamente nos preços dos combustíveis.

Stringasci reivindica que o governo rompa com a política de seguir a variação internacional dos preços do petróleo.

Desde 2016, o Brasil segue o Preço de Paridade Internacional, formado por cotações internacionais, somadas aos custos que importadores teriam, como transporte e taxas portuárias. A medida foi anunciada pelo então presidente Michel Temer (MDB): à época, ele dizia que alinhar o preço brasileiro ao mercado internacional poderia resultar na baixa do preço dos combustíveis. A política contraria a orientação adotada nas gestões petistas, que não obedeciam às oscilações do exterior.

Stringasci afirma, no entanto, que houve variação superior a 15% no preço do petróleo internacional somente em janeiro deste ano, o que obrigou a Petrobras a subir o preço dos combustíveis no Brasil. Os caminhoneiros estão temerosos pelos reajustes que virão nos próximos meses.

“A gente vem falando não é de hoje: o maior problema é o preço internacional que nós estamos praticando no Brasil. Esse é o primeiro passo. O segundo é a reforma tributária. Mas não adianta começar a andar sem antes engatinhar. A categoria não vai suportar mais aumentos no combustível. Eu creio que, no próximo aumento que for decretado, já vai ter grande reação da categoria”, declarou o presidente da ANTB a CartaCapital.

Segundo Stringasci, a categoria se encontra sob “estado de alerta de paralisação”. Porém, as mobilizações que ocorreram nesta semana não alcançaram proporções semelhantes à greve dos caminhoneiros em 2018.

Ele alega que a ANTB se juntou às mobilizações marcadas para a partir de 1º de fevereiro, mas precisou se retirar das rodovias diante da decisão de interdito proibitório, que impediu ações nas pistas, como bloqueios e panfletagens.

O líder afirma que a categoria tem pedido a Bolsonaro uma reunião para debater a obediência ao mercado internacional, mas ainda não há previsão para o encontro.

“Enquanto não mexer nessa ferida, essas tentativas são paliativas. Cada aumento que vem no combustível destrói mais nossa categoria”, afirmou.

Além do preço do diesel, caminhoneiros também reclamam dos baixos valores do frete, ou seja, do serviço de entrega. Há ainda tentativas inconclusas de que incentivos tributários aprovados aos transportadores marítimos, segundo projeto de lei que passou na Câmara, também sejam dedicados aos transportadores terrestres.

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