Educação

Gabinete paralelo no MEC: ‘Esse é o nosso governo’, diz pastor sobre mandato de Bolsonaro

Em vídeo, Arilton Moura se refere ao ministro Milton Ribeiro como ‘irmão e amigo’

O pastor Arilton Moura. Foto: Reprodução
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O pastor Arilton Moura, apontado como uma das lideranças do gabinete paralelo no Ministério da Educação, aparece em um vídeo de agosto de 2021 apresentando o ministro Milton Ribeiro a professores. Na gravação, diz também que “esse é o nosso governo”, em referência à gestão de Jair Bolsonaro.

Conforme revelação do jornal O Estado de S.Paulo, Arilton, ligado às Assembleias de Deus no Brasil, intermediava encontros de prefeitos com o MEC e participava da liberação de recursos para os municípios. Também está no centro do escândalo o pastor Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus.

No vídeo de 2021, gravado em Coração de Maria (BA) e divulgado nesta quarta-feira 23 pelo jornal O Globo, Arilton enaltece sua proximidade com Milton Ribeiro e menciona a presença do ministro da Cidadania, João Roma.

“Vai ficar nos anais da cidade de Coração de Maria, onde vieram dois ministros de governo. O ministro da Educação, Milton, e o ministro João, que já é prata da casa. Acima de tudo, só se muda o País com educação. Só se muda o nosso País com a educação. Só há uma transformação em nosso País se houver educação em cada professor que está aqui hoje. Esse legado sai de cada um de vocês. Por isso que me houve o maior interesse de trazermos o nosso ministro, irmão e amigo, ao nosso município […] Esse é o nosso governo, é o governo do presidente Jair Bolsonaro. Nós queremos fazer um governo diferente”, diz Arilton na gravação.

Nesta quarta, O Estado de S.Paulo também revelou que Arilton Moura pediu 1 quilo de ouro em troca da liberação de verbas da pasta ao prefeito de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). O pedido de propina teria sido feito em um restaurante de Brasília na presença de mais de 20 gestores municipais.

Na véspera, o jornal Folha de S.Paulo divulgou um áudio que confirma a influência de Arilton e Gilmar sobre a liberação de verbas do MEC. Na gravação, Milton Ribeiro admite priorizar, por solicitação de Bolsonaro, o envio de recursos a prefeituras indicadas pelos dois pastores.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse Ribeiro em reunião com prefeitos e os dois líderes religiosos. “Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos que são amigos do pastor Gilmar.”

Há indícios de que o ‘gabinete paralelo’ montado pelos pastores atua no MEC desde janeiro de 2021. Os recursos intermediados por Gilmar e Arilton vêm do FNDE, comandado pelo Centrão, e irrigam prefeituras aliadas com velocidade superior à do trâmite burocrático regular.

Ainda na tarde da terça 22, o Ministério da Educação emitiu uma nota na qual alega que Ribeiro não favoreceu pastores e não recebeu pedidos de tratamento preferencial por parte de Bolsonaro.

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