Política

‘Exultante’ em reunião com Lula, Bivar promete União Brasil longe da ‘oposição radical’ ao governo

O presidente da sigla negou que uma adesão formal à gestão lulista dependa de ‘barganha política’

Foto: Ricardo Stuckert
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O presidente Lula (PT) obteve na semana passada duas importantes vitórias no Congresso Nacional, com a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado. Sua gestão, porém, ainda precisa construir uma base de sustentação nas duas Casas, processo que depende do diálogo com o União Brasil, presidido pelo deputado Luciano Bivar (PE).

O União tem uma bancada de 59 deputados e 10 senadores e, por isso, ocupa posição de destaque nas articulações lulistas. Nesta quarta-feira 8, Bivar compareceu à primeira reunião do Conselho Político de Coalizão, formado por ministros, presidentes de partidos e líderes de legendas aliadas. A CartaCapital, ele afirmou que estava “exultante” no evento e que não hesitou em defender a democracia durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Questionado sobre qual será a postura de seu partido em relação ao governo Lula no Congresso, declarou que o União “não tem nada dogmático de ser oposição” e que em momento algum terá “qualquer posição radical”.

“Por questões de conjuntura política interna, [o partido] estará dentro das pautas para o governo se coincidirem com ele. A nossa bancada em nenhum momento está fechada com posições A, B ou C. O importante é que a gente vai conversar em cima do foro competente, que é o plenário da Câmara e do Senado”, afirmou. Segundo Bivar, o União “sente-se muito partícipe das conversas feitas no Palácio do Planalto”.

Ele fez questão, porém, de negar que uma adesão formal ao governo dependa de “barganha política”, ou seja, da indicação de correligionários para ministérios ou empresas.

“Estamos equidistantes disso”, alegou. “Agora, é natural que se o governo entender que a gente pode contribuir na máquina pública, a gente tem quadros qualificados para isso.”

Luciano Bivar ainda vê um caminho parcialmente aberto para a gestão Lula avançar em sua pauta econômica. No primeiro semestre, o objetivo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é aprovar no Congresso a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, a substituir o teto de gastos.

“É uma pauta que a gente discutiu muito internamente, a simplificação tributária”, avalia o deputado. “Haddad mesmo acha que nosso sistema é um manicômio tributário. E é verdade. A gente precisa dessa simplificação tributária.”

Luciano Bivar tem uma relação amistosa com Lula. A complexidade de estabelecer uma ligação oficial com o governo decorre, na verdade, da falta de unidade da bancada. O partido, vale lembrar, nasceu da fusão entre o DEM e o PSL e se tornou abrigo, ao mesmo tempo, de políticos simpáticos ao presidente e de bolsonaristas convictos.

Estima-se que na Câmara a bancada do União tenha aproximadamente 20 figuras de oposição ao atual governo e cinco aliados convictos. Os outros 34, em linha com o que relatou Luciano Bivar à reportagem, são os que Lula tentará atrair no varejo – ou seja, a cada votação.

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