Justiça
Estado deve indenizar vítimas de ‘bala perdida’ em operações policiais, decide o STF
O julgamento fixou uma tese de repercussão geral, a ser seguida por todas as instâncias do Judiciário


O Supremo Tribunal Federal estabeleceu nesta quinta-feira 11 as circunstâncias em que o Poder Público deve indenizar famílias de vítimas de “bala perdida” durante operações policiais.
A tese definida pela Corte tem três pontos:
- o Estado é responsável na esfera cível por morte ou ferimento decorrente de operações de segurança pública, nos termos da teoria do risco administrativo;
- é ônus probatório do ente federativo demonstrar eventuais excludentes de responsabilidade civil; e
- perícia inconclusiva sobre a origem do disparo fatal durante operações não é suficiente, por si só, para afastar a responsabilidade civil do Estado, por constituir elemento indiciário.
A discussão envolveu um caso concreto em que o STF decidiu que a União deve ser responsabilizada pela morte de uma vítima de “bala perdida” disparada durante uma incursão militar no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, em 2015.
A tese fixada pela Corte, porém, tem repercussão geral – ou seja, servirá de parâmetro para todas as instâncias do Judiciário em processos semelhantes.
No caso concreto, a perícia realizada pela polícia técnica não foi capaz de definir de onde partiu o disparo. Por esse motivo, instâncias inferiores rejeitaram o pedido de indenização apresentado pela família da vítima.
A maioria dos ministros do STF, porém, decidiu que a perícia inconclusiva sobre a origem do disparo gera responsabilidade da União pela morte, uma vez que a operação partiu de uma força federal.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Nunes Marques autoriza inquérito contra Bivar por ameaças ao novo presidente do União Brasil
Por Wendal Carmo
Barroso rejeita pedidos de impedimento de Dino em ações do 8 de Janeiro
Por CartaCapital
AGU vai mais uma vez ao STF contra estados que facilitaram o porte de armas
Por Camila da Silva