Política

‘Entre amigos não fazemos críticas públicas’, diz Lula na abertura do Foro de São Paulo

Adversários criticam o presidente por declarações sobre a Venezuela. No evento, ele fez elogios ao ex-presidente cubano Fidel Castro

O presidente Lula em discurso no Foro de São Paulo. Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

O presidente Lula participou, na noite desta quinta-feira 29, da abertura do 26º encontro do Foro de São Paulo, em Brasília, evento que deve reunir ao menos 150 líderes de partidos de esquerda da América Latina.

Horas antes, o petista havia sido criticado por afirmar, em relação ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela, que “o conceito de democracia é relativo para você e para mim”. Ele havia sido questionado por jornalistas sobre os motivos pelos quais hesitaria em atestar que o regime venezuelano não seria uma democracia.

No Foro, Lula declarou que “entre amigos a gente conversa pessoalmente e não faz críticas públicas, porque as críticas interessam à extrema-direita, não ao povo”.

“Se nós tivermos algum problema com algum companheiro, a gente, em vez de criticá-lo publicamente, tem de conversar pessoalmente. Eu sou presidente, mas nenhum de vocês está proibido de fazer crítica a mim”, prosseguiu. Ele elogiou o ex-presidente de Cuba Fidel Castro exatamente por criticar no âmbito privado e elogiar em público.

O presidente também afirmou que os partidos de esquerda na América do Sul são alvo de difamação e ataques constantes vindos da extrema-direita.

“Nos acusam de comunistas achando que ficamos ofendidos com isso. Não ficamos. Ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazistas, de neofascistas. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende, nos orgulha muitas vezes.”

Lula ainda disse que a democracia não é “um pacto de silêncio”, mas uma “sociedade em movimento, em busca de melhores dias”.

Ao relembrar derrotas do campo progressista nos últimos anos, mencionou o governo neoliberal de Mauricio Macri na Argentina, o golpe contra Dilma Rousseff no Brasil e as experiências da direita na Bolívia, no Equador e no Chile.

“Nós, em vez de ficar lamentando, temos de tirar lições de onde erramos. Impeachment da Dilma foi só erro da extrema-direita ou nós temos erros enquanto partido político?”, questionou Lula. “De vez em quando a gente tem de meditar, para que consiga evitar que novos erros atravassem a caminhada da gente pela conquista da qualidade de vida para o nosso povo.”

O tema do Foro neste ano é “integração regional para avançar a soberania latino-americana e caribenha”. O encontro conta com workshops e palestras que tratarão, entre outras pautas, da situação política brasileira, de fake news nas redes sociais e do anti-imperialismo.

A organização do evento também prestou uma homenagem a Marco Aurélio Garcia, responsável pela idealização do grupo em 1990. Garcia foi assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais em governos petistas. Ele morreu em 2017, aos 76 anos.

Criado a partir de um seminário internacional promovido pelo PT, o Foro reúne 123 partidos de países da América Latina e do Caribe.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo