Política

Entenda a disputa entre Antonio Rueda e Luciano Bivar pelo comando do União Brasil

Incêndio nas casas de praia de Rueda fez os ânimos se acirrarem na legenda

Reprodução/Renato Araujo/Câmara dos Deputados
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O incêndio em duas casas no litoral de Pernambuco, nesta segunda-feira 11, representou o ponto mais alto da disputa envolvendo o comando do União Brasil, partido criado pela fusão entre o Democratas e o PSL. Desde sua criação, em 2021, a sigla acumula um histórico de amizades desfeitas, acusações e brigas que chegaram a parar na Justiça.

Toda esse entrevero opõe a ala ligada ao advogado Antonio Rueda, eleito na semana passada como futuro presidente da sigla, à corrente liderada pelo deputado Luciano Bivar, fundador do PSL e mandachuva do União a alguns meses de encerrar seu mandato.

Antes de se tornarem adversários, os pernambucanos chegaram a dividir a direção do Sport Recife, time de futebol local.

O momento determinante para o afastamento foi uma reunião do partido, em agosto de 2023, na qual Bivar teria xingado o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, aos gritos. Aliado de Rueda, o dirigente era presidente do DEM antes da fusão e contrário à aproximação do partido ao governo Lula.

Antes disso, Rueda já havia iniciado a articulação com caciques da sigla que estavam insatisfeitos com as decisões do parlamentar à frente do União e se uniram para antecipar a troca no comando do partido.

Na véspera da convenção para escolher o novo presidente da agremiação, Bivar convocou jornalistas para uma coletiva de imprensa, ampliando o clima de tensão. Na ocasião, ele chamou Rueda de “covarde” e disse ter “graves denúncias” sobre o correligionário, mas não apresentou nenhuma prova.

De acordo com o jornal O Globo, a guerra de bastidores entre os dois chegou até mesmo a envolver uma suposta ameaça de morte. O líder da bancada na Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), anunciou a cerca de 20 colegas que Bivar havia tentado intimidar Rueda.

A colegas, o parlamentar baiano ainda afirmou ter ouvido a gravação de uma conversa entre os dois dirigentes na qual Bivar teria repetido que sabia onde Rueda morava, além de citar a rotina da família dele.

O incêndio nas casas de praia de Rueda e sua irmã, que também é tesoureira do União, voltou a acirrar os ânimos no partido. Nos bastidores, deputados pregam a expulsão do atual presidente.

Há uma semana, o deputado Pauderney Avelino (AM) protocolou um pedido de afastamento de Luciano Bivar do União Brasil na Comissão de Ética do partido. O caso está sendo analisado pelo colegiado, mas ganhou força após o episódio desta segunda-feira.

Por meio do advogado, Rueda diz que vai protocolar uma representação criminal contra Bivar no Supremo Tribunal Federal, por supostas ameaças. Apesar das investigações sobre as causas do incêndio ainda estarem em andamento, a defesa aponta suspeitas sobre Bivar. O caso é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal.

Nesta terça, ao deixar um evento no Palácio do Planalto, Bivar afirmou que seu envolvimento nos incêndios é “pura ilação” e acusou a mulher de Rueda de roubo.

“Isso é ilação, porque tudo você tem que comprovar. Inclusive a mulher do Rueda pediu meu apartamento emprestado em Miami e roubou do cofre, mas eu tenho que provar isso, certo? Então essas ilações a gente tem que levar. Eu não sei se eu denuncio isso ao FBI ou não”, afirmou.

Bivar acrescentou que esse suposto crime teria acontecido na época das eleições, mas evitou comentar a quantia. “Isso foi na época da eleição. Ele disse que iria repor esse dinheiro e até hoje não repôs. Era um dinheiro significativo. Eu não fiz denúncia porque o marido dela disse que iria me repor isso. E até agora nada”, afirmou.

Rueda, que é vice-presidente da União Brasil, foi eleito no final do mês passado para comandar a sigla a partir de junho. O atual presidente, porém, afirma que a convenção não teve validade e contesta o resultado – o deputado até tentou cancelar a votação com o argumento de que “a convenção estava coberta de vícios”, sem sucesso.

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