Política

Em dois meses, 73 crimes foram registrados em acampamento no DF, mostra relatório de intervenção

De acordo com o documento, ocorreram furtos, lesões corporais, danos e até atos obscenos no entorno do Quartel General do Exército

O acampamento dos extremistas permaneceu por dois meses na porta do QG do Exército - Imagem: Valter Campanato/ABR
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Desde a instalação até a desmobilização do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, foram registrados 73 crimes na região. A informação consta no relatório de intervenção sobre os atos antidemocráticos apresentado por Ricardo Capelli ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira. O documento mostra que, entre 1o de novembro de 2022 e 9 de janeiro de 2033, ocorreram furtos, lesões corporais, danos e até atos obscenos na região.

De acordo com o relatório, neste período, foram 19 furtos, 20 crimes contra a honra, 13 por lesão corporal e vias de fato, 11 por dano, um por ato obsceno, além de outros não especificados.

O relatório apresentado aponta as provas de que houve “falha operacional” na atuação das forças policiais no dia 8 de janeiro. Segundo Ricardo Capelli, o documento também revela a ação “programada” de “profissionais treinados” na invasão às sedes dos Três Poderes da República em 8 de janeiro.

O relatório, que tem mais de 60 páginas, 17 anexos e um arquivo com imagens das câmeras de segurança do entorno da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, foi divulgado pelo Ministério da Justiça. O documento aponta que houve alerta de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, relatando potenciais riscos de invasão de prédios públicos pelos manifestantes golpistas. Os relatórios, no entanto, não ensejaram um “desdobramento adequado” das forças de segurança, segundo o interventor.

O documento elenca ainda comunicações feitas pelos comandantes da Polícia Militar do DF nos dias 6, 7 e 8 de janeiro. O interventor afirma que protocolos não foram respeitados. Um desses exemplos seria que nenhuma “ordem de serviço” convocando um reforço no efetivo previsto para a data foi expedida. No dia dos atentados, os policiais estavam de sobreaviso e não de prontidão nos batalhões — no primeiro caso, eles ficam em casa e só começam a trabalhar caso sejam acionados.

Nove comandantes da Polícia Militar do Distrito Federal estavam de férias ou licença no dia 8 de janeiro, entre eles o comandante do Batalhão de Choque. Além dos nove, o então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, também estava ausente devido a uma viagem de férias aos Estados Unidos. Segundo Cappelli, Torres foi informado do risco de manifestação violenta e mesmo assim decidiu por sair da cidade.

Relatos de policiais e vídeos mostram que o então comandante da Polícia Militar, Fábio Augusto Vieira, chegou a pedir por mais batalhões e efetivo à Praça dos Três Poderes no momento em que ocorria as invasões. Suas solicitações, porém, não foram atendidas.

Anexas ao documento, imagens das câmeras de segurança do entorno da Esplanada revelam haver cerca de 150 policiais militares fazendo uma linha de contenção na frente do Congresso Nacional. A tropa era formada em parte por alunos do curso de formação de praças da corporação, que não possuíam o equipamento adequado, como o exoesqueleto.

Na zona central de Brasília, havia um total de 550 homens da PM destacadas — número considerado insuficiente pelo interventor para acompanhar a manifestação.

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