Política

Em cerimônia com militares, Bolsonaro diz que tropas podem fazer o País ‘rumar à normalidade’

No Planalto, o ex-capitão voltou a sugerir a sua disputa contra Lula como ‘uma luta do bem contra o mal’

O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Isac Nóbrega/Brazilian Presidency/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez novas declarações sobre o poder dos militares em relação ao que chama de manutenção da “tranquilidade”, durante discurso em solenidade para a promoção de oficiais do Exército, nesta terça-feira 5, no Palácio do Planalto.

A manifestação ocorreu após a substituição do general Walter Braga Netto, que era ministro da Defesa e hoje é cotado como vice de sua chapa eleitoral, pelo general Paulo Sérgio Nogueira.

“Tenho 23 ministros, todos são importantes, mas um se destaca: o da Defesa, porque tem a tropa em suas mãos. Em última análise, poderá fazer o País rumar em direção à normalidade, ao progresso e à paz”, disse.

O ex-capitão chamou ainda os militares de “âncora” do País, afirmou que os integrantes do seu governo estiveram “sempre ao lado da legalidade” e defendeu o respeito à Constituição como um “norte”.

“Tudo o que nós queremos é que todos cumpram a nossa Constituição, que pode ter seus defeitos, mas é nosso norte”, continuou o presidente. “Mais do que nunca, sou um soldado do Brasil. Soldados marcham juntos para o bem da nossa Nação.”

Bolsonaro também fez elogios ao suposto desempenho positivo na economia e na gestão da pandemia e criticou a imprensa por “ataques descomunais” à sua administração.

Além disso, voltou a sugerir a sua disputa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “uma luta do bem contra o mal”, discurso que vem adotando de forma recorrente em seus pronunciamentos.

As declarações sugestivas de Bolsonaro sobre os poderes dos militares para rumar à “normalidade” ocorrem em meio a temores de políticos e analistas sobre possível descumprimento das regras eleitorais diante do favoritismo de Lula.

As críticas aumentaram após o governo celebrar o golpe militar de 1964 no último 31 de março, em nota pública divulgada ainda sob a gestão de Braga Netto no Ministério da Defesa.

O risco golpista foi apontado, por exemplo, pelo ex-assessor do Ministério da Defesa José Genoino, em recente entrevista a CartaCapital. Para o petista, “não é por acaso que Braga Netto é vice de Bolsonaro”.

No mês passado, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez um apelo para que os perdedores das eleições “aceitem o resultado”. A declaração ocorreu em uma sessão solene no Congresso Nacional.

“Estejamos vigilantes contra a mínima insinuação de investida autoritária. Mais do que simplesmente preservar a democracia que conquistamos, cabe ao Congresso a vontade permanente e a ação constante para aprimorá-la.”

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