Em 3 meses, imprensa foi atacada 500 mil vezes em redes sociais no Brasil

Levantamento mostra que boa parte dos ataques é feito de forma automatizada e em maioria realizado por perfis bolsonaristas

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O mais recente levantamento da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), divulgado nesta semana, mostra uma nova escalada nos ataques à imprensa no Brasil. Ao todo, cerca de meio milhão de tuítes contendo ofensas a veículos e jornalistas foram publicados em apenas três meses no País.

Segundo o levantamento, 20% destes ataques são realizados por perfis que agem de forma automatizada, com comportamentos típicos de robôs. Uma parcela significativa é feita por perfis bolsonaristas. Em ambos os casos, o alvo preferencial são as jornalistas mulheres.

 

 

“A utilização de contas automatizadas no levantamento realizado indica a existência de mobilizações orquestradas com o objetivo de ampliar artificialmente movimentos de ataques”, destaca a RSF ao descrever o funcionamento das chamadas milícias digitais.


Ainda de acordo com a organização, a identificação destes robôs “também sugere que existem determinados atores com interesses políticos, recursos financeiros e capacidade técnica mobilizados para promover um ambiente de descrédito generalizado à imprensa nas redes sociais”.

Entre os perfis bolsonaristas indicados como autores dos ataques aparecem inclusive os perfis oficiais do presidente Jair Bolsonaro e seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Além de apoiadores como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Recentemente, a RSF publicou um estudo que mostra que os ataques à imprensa vindos do clã Bolsonaro aumentaram 74% no primeiro semestre de 2021.

 

Mulheres são alvo principal

Segundo o levantamento, a quantidade de postagens mencionando jornalistas mulheres foi 13 vezes maior do que aqueles que se referiam aos colegas homens.

As menções negativas as jornalistas mulheres também contam com a maior presença de xingamentos e termos de baixo calão como safada, vagabunda, puta, burra, ridícula, entre outros. No levantamento geral, estes termos aparecem em 10% dos casos, quando o ataque é direcionado ao público feminino, a incidência é 50% maior.

Para monitorar os ataques, a RSF e ITS avaliou hashtags e questões como intensidade e volume total de menções, além disso, avaliou também a interação e o perfil ideológico dos usuários que fizeram uso dessas tags. A ferramenta PegaBot, do ITS, foi usada para identificar os perfis que agem de forma automatizada.

A escalada dos ataques acentua a situação precária da liberdade de imprensa identificada na atual gestão. Desde que Bolsonaro assumiu a presidência o Brasil passou a figurar a zona vermelha do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, essa é primeira vez que isso acontece. Atualmente o País ocupa a 111ª colocação no índice e o presidente foi apontado na lista global de predadores da liberdade de imprensa, também produzida pela RSF.

 

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