Política

É preciso combater o ‘uso abusivo’ da religião na política, diz Barroso

Declaração do ministro aconteceu nesta sexta-feira 8, durante uma aula magna na PUC-Rio

Foto: Reprodução
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O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, criticou nesta sexta-feira 8, o “uso abusivo” da religião nas eleições.  

“Precisamos combater a captura da religião para servir a causas políticas temporais e não espirituais, a instrumentalização de líderes religiosos para captar votos e dizer ‘o meu adversário é o demônio, quem votar nele não vai para o céu’. É uma forma bárbara, anticristã, de lidar com a religião”, afirmou o ministro.

A fala aconteceu durante uma aula magna na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Ele defendeu que a fé deve ficar restrita à vida privada das pessoas em vez de se estender para um “uso abusivo” por parte de líderes políticos. 

Durante o evento, Barroso relembrou os atos golpistas do 8 de Janeiro e disse que ficou surpreso ao ouvir relatos sobre pessoas que, depois de quebrar e invadir os prédios públicos, se ajoelhavam para rezar. 

“Fiquei imaginando que estranha mistura seria essa da religião com ódio, porque a religião verdadeira é o oposto do ódio, da violência. É a capacidade de lidar com o outro, mesmo quando ele tiver um comportamento absurdo, para compreendê-lo e convertê-lo”, afirmou.

Gabinete do ódio

Na sequência, o ministro também mencionou os desdobramentos da operação da Polícia Federal, Tempus Veritatis, que investiga a articulação de um golpe de Estado em 2022.

“Quem acompanha as investigações que estão em curso confirmou o que já se sabia: que houve um gabinete do ódio, com líderes pedindo para que se disseminasse desinformação e acusações contra o seus colegas, porque não pensavam igual, não aderiram ao golpe”.

E completou: “Nenhuma causa que precise de desinformação é uma boa causa. Quem defende uma boa causa deve colocar seus argumentos na mesa”. 

Uma das informações falsas disseminadas no período foi sobre a lisura do processo eleitoral, sobretudo do funcionamento da urna eletrônica. Sobre o caso, o ministro disse que militares das Forças Armadas tiveram comportamento “desleal” quando tentaram obter informações para levantar suspeitas e facilitar ataques ao pleito de 2022.

De acordo com a apuração da PF, a ideia dos militares integrarem a Comissão de Transparência das Eleições, era um dos planos para articular o golpe.  

“Convidei alguns representantes das Forças Armadas para estar dentro do TSE numa comissão de transparência e ajudar a dar transparência e ajudar na segurança, com lealdade, evidentemente, que é um valor que se ensina nas Forças Armadas”, afirmou Barroso.

“Por uma má liderança, em vez de ajudarem, ficaram tentando obter informações para levantar suspeitas e facilitar os ataques, e chegaram a ponto de publicar informações reservadas dos programas na rede social para facilitar as pessoas a nos atacarem. Comportamento desleal, não dá instituição, mas apenas dos que foram conduzidos por uma má liderança”, prosseguiu.

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