Política

‘É praticamente impossível Bolsonaro virar essa eleição’, diz presidente do PSOL

Em entrevista a CartaCapital, Juliano Medeiros afirma que o Datafolha mostra vitória de Lula no 1º turno como ‘uma chance real’

‘É praticamente impossível Bolsonaro virar essa eleição’, diz presidente do PSOL
‘É praticamente impossível Bolsonaro virar essa eleição’, diz presidente do PSOL
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros. Foto: Reprodução
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O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse acreditar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não terá capacidade para superar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta eleição, após os dados divulgados pelo Datafolha na quinta-feira 18. Medeiros declarou, ainda, contar com a possibilidade de triunfo no primeiro turno.

“Se a gente não conseguir a vitória no primeiro turno, estou muito convencido de que é praticamente impossível Bolsonaro virar essa eleição”, afirmou Medeiros em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 19. “Todos os votos dos demais concorrentes teriam que migrar para o Bolsonaro para que ele possa vencer o Lula no segundo turno.”

Medeiros diz ter enxergado como um movimento esperado o crescimento de Bolsonaro no Datafolha, de 27% em maio para 32% agora. Ele atribuiu o acréscimo à queda dos preços dos combustíveis e da inflação e à ampliação de benefícios. Por outro lado, o presidente do PSOL destaca a dificuldade de Bolsonaro para tirar votos de Lula.

O Datafolha mostrou o petista estável, com 47% das intenções de voto.

“Embora Bolsonaro tenha crescido, esse crescimento não se dá em cima das intenções de voto do Lula. Não há perda de votos do Lula para o Bolsonaro”, salientou Medeiros. “O mais importante é que segue a chance de vitória no primeiro turno. É uma possibilidade, eu não diria a mais provável, mas uma chance real.”

De acordo com o Datafolha, o principal avanço de Bolsonaro foi observado entre os evangélicos. Questionado sobre a declaração de Lula que tocou na religião e associou Bolsonaro a alguém “possuído pelo demônio”, Medeiros disse que a campanha petista seguirá a linha da “liberdade religiosa” e ficará centrada em temas econômicos.

“Jogar nesse terreno é jogar no terreno do Bolsonaro”, avaliou. “Claro que eu compreendo que o Lula, num comício, no calor da hora, queira dar uma resposta dessa natureza, e acho absolutamente aceitável, não vejo nada demais nisso. Mas o centro da intervenção de Lula nessa eleição é discutir os temas econômicos e sociais.”

Medeiros acaba de lançar o livro A nova esquerda na América Latina – partidos e movimentos em luta contra o neoliberalismo (Editora Autonomia Literária, 2022), resultado de sua tese de doutorado defendida em 2020 na Universidade de Brasília, a UnB. Na obra, o presidente do PSOL analisa o surgimento de uma esquerda no mundo após a crise econômica de 2008.

Na entrevista, ele disse que a reflexão proposta no livro ajuda a pensar o cenário eleitoral brasileiro, em relação às agendas que Lula deve propor em um eventual governo.

“Estamos diante da mesma encruzilhada: se o centro das agendas das esquerdas vai ser a velha agenda desenvolvimentista ou se vai ser muito mais orientada por uma lógica redistributiva e de enfrentamento às elites econômicas na América Latina. Eu defendo a segunda alternativa.”

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