Política

E-mails revelam ‘agendas privadas’ de Bolsonaro com comandantes das Forças Armadas após derrota eleitoral

Publicação revela que ex-presidente realizou, pelo menos, três reuniões não-oficiais com a cúpula das Forças em novembro de 2022

Foto: Marcos Corrêa/PR
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E-mails de ex-ajudantes de ordens de Jair Bolsonaro (PL) obtidos pela CPMI do 8 de Janeiro mostram que o ex-presidente teve, ao menos, três reuniões não-oficiais com militares do Alto Comando nos dias seguintes à sua derrota para Lula (PT) nas eleições de 2022. As informações foram publicadas nesta terça-feira 15 pelo site Metrópoles.

De acordo com a publicação, as reuniões, que não constaram nas agendas públicas de Bolsonaro e dos militares presentes, estavam nos registros de Jonathas Diniz Vieira Coelho, ex-ajudante de Bolsonaro.

A primeira reunião aconteceu no Palácio do Alvorada no dia 1 de novembro de 2022. Nela, estiveram presentes, além do próprio ex-presidente, os três “Comandantes de Força”, como consta no texto do e-mail: Marco Antônio Freire Gomes, Garnier Santos e Carlos de Almeida Baptista Junior, chefes, respectivamente, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, à época.

A reunião contou com a presença, ainda, de Walter Braga Netto, candidato à vice-Presidência na chapa de Bolsonaro, além de ministro do antigo governo: Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Bruno Bianco (AGU).

Um segundo encontro ocorreu já no dia seguinte, 2 de novembro de 2022. A agenda não-oficial de Bolsonaro envolveu uma reunião, segundo a publicação, com os comandantes do Exército e da Marinha. O encontro contou com a presença do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). 

Já no dia 14 daquele mês, Bolsonaro voltou a reunir-se com os chefes das Forças, de maneira não-oficial. Na terceira reunião, estiveram presentes, novamente, Braga Netto e os ministros da Defesa, Justiça e o Advogado-Geral da União, além do almirante Flávio Rocha, ex-secretário especial da Presidência da República.

Como se trataram de ‘agendas privadas’, o tema dos encontros não foram registrados. A CPMI deve apurar o caso para entender se os encontros nas sombras teriam ou não tratado de um golpe militar sob a liderança do ex-capitão.

Nos últimos dias, uma série de agendas privadas de Bolsonaro, de quando ainda exercia a presidência, vêm sendo reveladas. A iniciativa acontece porque a CPMI do 8 de Janeiro obteve e-mails de pessoas próximas a Bolsonaro, a exemplo do seu principal ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

No que se refere ao Judiciário, já foi revelado que Bolsonaro se reuniu com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, Gilmar Mendes e Kassio Nunes Marques em datas que coincidem com momentos importantes de investigações contra o ex-presidente. Também foram revelados encontros privados entre Bolsonaro e o Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, e a vice-PGR, Lindôra Araújo.

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