Política
Doria defende que Bolsonaro seja investigado no caso Marielle
‘Ninguém está acima do bem ou do mal’, disse o governador, que ainda defendeu a reportagem veiculada pela Tv Globo


O governador do Estado de São Paulo, João Dória, defendeu que o Supremo Tribunal Federal investigue o presidente Jair Bolsonaro após seu nome ter sido citado na morte da vereadora Marielle Franco, em 2018. Ele também defendeu a reportagem, que vem sendo duramente atacada pelos integrantes do governo. “Sou um defensor da democracia e do direito de liberdade de imprensa. A investigação legitimada pelo Ministério Público e Judiciário é importante. Ninguém está acima do bem ou do mal”, declarou.
O suposto envolvimento do presidente Bolsonaro na morte da vereadora teria sido feito pelo porteiro do condomínio em que Bolsonaro mora. Em depoimento à polícia, o funcionário contou que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos da morte de Marielle e Anderson, seu motorista, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. O funcionário disse ainda que quando interfonou para casa do presidente, o “Seu Jair” liberou a entrada do suspeito.
O carro acabou não indo para casa de Bolsonaro e foi para a residência de Ronnie Lessa, o outro acusado de ter assassinado Marielle e Anderson. Lessa morava até então no mesmo condomínio do presidente. O porteiro disse que acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras e interfonou novamente para a casa de Bolsonaro. Segundo o funcionário, o homem identificado por ele como “Seu Jair” teria dito que sabia para onde Élcio estava indo.
No dia 14 de março, entretanto, Jair Bolsonaro estava em Brasília na Câmara dos Deputados. Seu registro foi inscrito em sessões que aconteceram no período da manhã e da tarde naquele dia. Em suas redes sociais, o então deputado também postou vídeo com admiradores na parte de fora de seu gabinete.
Nesta quarta-feira, o ministro da Justiça Sérgio Moro enviou um ofício à PGR pedindo a abertura de um inquérito sobre a citação do presidente no caso. A sugestão é que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal conduzam as investigações. No ofício, Moro cita possível “inconsistência” na condução da investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, já que na data alegada pelo porteiro, o então deputado Bolsonaro cumpria compromissos em Brasília.
“A inconsistência sugere possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou eventual tentativa de envolvimento indevido do nome do Presidente da República no crime em questão, o que pode configurar crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa, neste último caso tendo por vítima o Presidente da República, o que determina a competência da Justiça Federal e, por conseguinte, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. É ainda possível que o depoente em questão tenha simplesmente se equivocado ou sido utilizado inconscientemente por terceiros para essas finalidades”, diz trecho do ofício.
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