Política
Divididos, deputados do PL trocam xingamentos sobre a reforma tributária no WhatsApp
Após ameaças de deixar o partido, o líder da sigla, Altineu Côrtes decidiu bloquear o grupo
Três dias após a aprovação da reforma tributária na Câmara, filiados ao PL trocaram xingamentos e ameaças no grupo de WhatsApp do partido.
Mensagens obtidas pelo jornal O Globo confirmam a discussão acalorada, que ocorreu no domingo, 9.
O desentendimento aconteceu entre parlamentares que divergiam da aprovação da reforma. Dos 99 deputados da legenda, 20 votaram a favor da mudança no sistema de impostos do País.
Parlamentares que votaram a favor da proposta chegaram a admitir a possibilidade de pedir à Justiça para deixaram a sigla, sem ferir a regra da fidelidade partidária, podendo continuar nos cargos.
Diante da elevação dos ânimos, o líder da sigla, Altineu Côrtes, bloqueou o envio de mensagens no grupo.
Entre os xingamentos e acusações feitas pelos parlamentares, foram usadas expressões como “comunistas” e “extremistas”. Alguns compararam a legenda ao PSL, antigo partido de Jair Bolsonaro, de onde migraram vários filiados hoje do PL.
O deputado federal Vinícius Gurgel disse haver perseguição via redes sociais contra os 20 parlamentares que votaram favoráveis à reforma.
“Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor!”, escreveu o parlamentar no grupo.
“Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que vai me eleger!”, completou, tentando se afastar do bolsonarismo.
O bolsonarista Carlos Jordy defendeu que os dissidentes saiam do partido.
“Para mim está muito claro: o PL não vai retroagir, o caminho é consolidar-se como o maior partido conservador, de direita, de oposição no Brasil. E aqueles que não aceitam essa posição devem sair do partido”, escreveu.
O deputado General Pazuello, ex-ministro do governo Bolsonaro, tentou apaziguar os ânimos, sem sucesso.
“Está faltando política nestas discussões!! Srs, considerando que sou um calouro nesta legislatura, peço desculpas caso escorregue em algumas ideias. O nome do nosso partido é Partido Liberal, só pelo nome não cabe radicalismo e acusações!”, comentou.
Gurgel contra-argumentou, pontuado que o PL parecia um “casamento forçado” e lamentou a vinda dos bolsonaristas para a sigla.
“Tristeza vcs terem vindo pro PL”, disse.
Procurado pelo Globo, Gurgel negou a intenção de sair do partido, mas voltou a criticar os colegas.
“Muita gente pensa em sair do partido, porém, sou muito leal ao presidente Valdemar. Se me expulsarem, tudo bem. Mas quero deixar claro a minha total lealdade ao presidente Valdemar”, afirmou o deputado.
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O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
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