Política

Desempenho de Lula é ‘surpreendente’ e Ciro deixa analistas com torcicolo, diz presidente do Ipespe

Para Antonio Lavareda, Moro depende de aliança com o União Brasil e não prospera sem a ‘corrupção’ no centro do debate eleitoral

Lula e Ciro Gomes. Fotos: Ricardo Stuckert e Miguel Schincariol/AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente do Conselho Científico do Ipespe, Antonio Lavareda, diz ser cedo para determinar se as eleições presidenciais serão “bipolarizadas” – ou seja, protagonizadas por dois candidatos – ou “triangulares” – com três postulantes atingindo 10 pontos percentuais. O desempenho do ex-presidente Lula, porém, “é surpreendente”, de acordo com o cientista político.

Na chamada 3ª via, os desafios são enormes. Levantamento Ipespe divulgado nesta quinta-feira 27 mostra que Sergio Moro e Ciro Gomes dividem a 3ª posição, com 8% cada. Lula, o líder, chega a 44%, seguido por Jair Bolsonaro, com 24% no principal cenário de 1º turno.

Nos desenhos de 2º turno monitorados pelo instituto, Lula venceria todos os adversários por uma diferença de pelo menos 19 pontos. Bolsonaro, por sua vez, perderia para todos os concorrentes.

Em entrevista a CartaCapital, Lavareda afirmou que a situação de Moro “deve frustrar os apoiadores”, após o crescimento registrado com a filiação ao Podemos e o lançamento de sua pré-candidatura, em novembro.

“Mas é preciso lembrar que a temática básica de Moro, na cabeça do público, é a de combate à corrupção, a essa coisa da Lava Jato”, disse o presidente do Ipespe, que vê o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro dependente de uma aliança com o União Brasil para tentar alavancar a candidatura.

Assim, Moro precisa levar “a temática da corrupção” de volta aos centro dos grandes veículos de comunicação e do debate eleitoral, o que, neste momento, parece improvável, dada a deterioração econômica do País sob o governo de Bolsonaro.

Outro competidor na 3ª via é Ciro Gomes, que, segundo Lavareda, poderia ser “bastante competitivo” em um cenário sem Lula.

“Quando a candidatura de Lula foi reabilitada, houve um golpe profundo nas perspectivas de êxito do projeto de Ciro”, avalia o cientista político. Com a entrada de Lula no jogo eleitoral, o pedetista “foi tentar buscar votos ao centro e à centro-direita, mostrando que era crítico contundente a Lula e ao PT”. No entanto, Moro já conseguiu arrebatar parte desses votos que Ciro conquistaria.

“Então, o Ciro declina. Tinha 11% até outubro, vem Sergio Moro, que vai para 11% e Ciro vai para 9%. Em dezembro e início de janeiro, Ciro cai mais, vai para 7%. O lançamento recente [da pré-candidatura] lhe aportou um ponto e encontrou o declínio de Moro.”

Lavareda assinala que Ciro começou a campanha na esquerda, frequentou a centro-direita e agora corteja a juventude de esquerda, com o slogan do “candidato rebelde”.

“Um analista mais atento vai ficar com torcicolo”, diz o presidente do Ipespe.

Governo em baixa

O fato de Bolsonaro se manter em 2º lugar mesmo com o desastre econômico e o fracasso no enfrentamento da pandemia não indica, conforme a percepção de Lavareda, algo surpreendentemente positivo para o ex-capitão.

“Quando você tem incumbente candidato, ele está naturalmente fadado a estar no 2º turno. A eleição, quando conta com o incumbente, é sobre o desempenho do governo dele”, diz. “É natural que ele tenha uma expressão eleitoral significativa. Agora, ele está a 10 pontos do desempenho do 1º turno que ele teve em 2018. Ele perdeu basicamente 30% de seus votos, em saldo líquido.”

Lula

O líder da pesquisa Ipespe mantém uma atuação “surpreendente”, segundo Antonio Lavareda. O petista tem, agora, o desafio de “consolidar e enraizar essa intenção de voto”.

O espaço para crescimento é demonstrado pela diferença de 9 pontos percentuais entre o desempenho do petista na pesquisa estimulada (em que os nomes dos candidatos são listados aos eleitores) e na pesquisa espontânea.

“A campanha dele precisa adensar essa preferência para ele perder o mínimo possível das intenções de voto.”

Leia a íntegra da pesquisa Ipespe:

RELATÓRIO-PESQUISA-IPESPE-AVALIAÇÃO-PRESIDENCIAL-E-ELEIÇÃO-2022_-JAN-2022-SEGUNDA-QUINZENA

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.