Política

Desembargador do TRF-4 pede afastamento do caso Tacla Duran

Filho de Marcelo Malucelli é sócio do escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados

Desembargador do TRF-4 pede afastamento do caso Tacla Duran
Desembargador do TRF-4 pede afastamento do caso Tacla Duran
O advogado Rodrigo Tacla Duran. Foto: Reprodução
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O desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, pediu afastamento de processos relacionados ao advogado Rodrigo Tacla Duran e à Lava Jato.

Na semana passada, Malucelli tomou uma decisão que, de acordo com a avaliação da Justiça de Curitiba, restabeleceu uma ordem de prisão contra Duran. Antes, o juiz responsável pelos casos remanescentes da Lava Jato, Eduardo Appio, havia suspendido a ordem de prisão decretada em 2016 pelo então magistrado Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil.

No despacho, ao qual CartaCapital teve acesso, Malucelli menciona a ocorrência de “circunstâncias posteriores” à data em que assumiu os processos. Ele anotou que os episódios têm relação com “a integridade física e moral” de familiares.

“Declaro minha suspeição superveniente, por motivo de foro íntimo, para atuar neste e em todos os demais processos relacionados por prevenção, a partir desta data.”

O desembargador é pai do advogado João Eduardo Barreto Malucelli, que aparece no Cadastro Nacional de Advogados como sócio do escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, com sede em Curitiba e formado pelo ex-juiz e pela advogada Rosângela Moro, atualmente deputada federal pelo União Brasil.

Em nota, Moro disse estar afastado das atividades do escritório desde o início de seu mandato como senador, em fevereiro. Afirmou também permanecer “no quadro social somente como associado”.

Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal, Malucelli argumentou não ter determinado uma nova prisão preventiva de Tacla Duran. Appio, porém, perguntou ao desembargador como “deve proceder em relação à prisão preventiva decretada por Vossa Excelência (na via monocrática e liminar) na tarde de ontem [11 de abril], ou seja, se o mandado de prisão será expedido por esta Vara Federal ou pela secretaria da 8ª Turma Criminal do TRF-4”.

A informação sobre a ordem de prisão contra Duran chegou a ser confirmada, inclusive, pelo site oficial do TRF-4.

No final de março, Tacla Duran afirmou em depoimento a Appio ter sido alvo de um “bullying processual” no âmbito da Lava Jato. Ele também declarou ter sido vítima de uma suposta tentativa de extorsão e citou Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, hoje deputado federal pelo Podemos.

Em nota divulgada após o depoimento do advogado, a assessoria do ex-juiz sustentou que seu cliente é alvo de “calúnias” e não teme “qualquer investigação”. Deltan, por sua vez, se referiu a Eduardo Appio como “juiz lulista e midiático, que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção”.

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